Danilo 07/07/2021
O clássico da máfia
The Godfather (título original) é o protótipo das histórias de Máfia que conhecemos. Feito através de muitas pesquisas, o novaiorquino descendente de italianos, Mario Puzo, surpreendeu a todos (incluindo mafiosos reais) em 1969 com a sua representação da Família Corleone. Puzo nos leva por toda a estrutura da família siciliana, revelando os papéis de cada membro e seu destino. O sucesso da obra foi renovado com o lançamento da produção cinematográfica homônima em 1972, considerado um dos maiores filmes da história do cinema.
Após a leitura, posso dizer que realmente a adaptação é extremamente fiel à obra original, com muitas frases e cenas idênticas. Alguns poderiam pensar que isso é um ponto negativo, por estar lendo algo que já se conhece o desfecho. Porém, durante a leitura, o grande destaque é justamente o contexto que Puzo provê aos personagens, nem sempre possível no cinema. É um trabalho exímio que o autor nos fornece ao descrever alguns personagens como Vito e Michael Corleone, demonstrando o respeito e moral que todos os outros personagens têm deles.
Vito Corleone, o “Padrinho”, fornece (muitas vezes por meios não-ortodoxos) ajuda os amigos e afilhados que vêm a seu socorro, porém sempre seguindo o código de honra e leis da Máfia. No entanto, essa ajuda não vem de graça. Um dia, que talvez nunca chegue, Don Corleone irá pedir um favor a quem ele ajudou no passado, e negar essa ajuda nunca é uma opção.
O que mais me prendeu ao livro foi a dinâmica e disputa de poder das “Famílias” italianas em Nova Iorque, verdadeiras organizações poderosas que, paralelas ao governo americano, disputam vários territórios e brigam por influência política e possuem uma enorme lista de contatos, passando por juízes, policiais, sindicalistas e atores. Todo o complexo esquema da máfia é apresentado e assusta saber o tanto de poder que elas possuíam.
Outros pontos interessantes são percebidos com a descrição precisa dos costumes dos ítaloamericanos vindos da Sicília, que são particulares e diferentes de outras regiões da Itália, e como esses costumes se misturaram com a cultura americana, o “american way of life”. É notório o desejo dos chefes da família de que seus filhos e netos não sigam o mesmo caminho do crime organizado, e pelo contrário, se tornem grandes nomes da política, empresários, juízes e médicos.
Recheado de cenas e frases icônicas, O Poderoso Chefão merece o título de clássico supremo de histórias de máfia.
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