Jupix 06/06/2024
Que leitura, um livro que te prende do início ao fim.
O livro nos faz lembrar de pensar nas coisas simples. Estamos acostumados a pensar somente naquilo que está acontecendo no momento, muitas vezes sem prestar atenção aos detalhes. A Joana não só percebe esses detalhes como dá atenção à eles, ela vive eles. Ela não se preocupa com o tempo, como nós que estamos sempre acelerados, pensando no futuro sem aproveitar o presente. A Joana é uma personagem tão interessante que desperta uma curiosidade nos leitores não só de conhecer os fatos narrados como também de conhecer a própria personagem. A Clarice tem essa habilidade de criar personagens complexos e interessantes, mostrando como as pessoas realmente são. Na nossa sociedade pessoas como a Joana seriam brutalmente discriminados, as pessoas não veriam quão incríveis elas são, não veriam, nem apreciariam sua complexidade. É isso que acontece na realidade, a complexidade de cada indivíduo não é valorizada, ao contrário, tentamos simplificar tudo, criando rótulos, nomes para cada característica dos seres humanos, o que acaba se tornando uma desculpa para julgar as pessoas sem ao menos conhece-las. Como por exemplo, quando chamam alguém de estranho, por ter um estilo diferente, gostarem de coisas diferentes, ou até agirem de uma forma diferente do padrão, rotulando aquela pessoa como alguém inferior, afirmando que aquela pessoa não é legal, nem interessante, e que deve ser evitada, sem sequer falar com ela. Não são as diferenças e o incompreensível que tornam as coisas interessantes? Não é isso que chamamos de curiosidade? A vontade de entender aquilo é estranho, diferente ou incompreensível para nós? As histórias de Clarice sempre nos fazem refletir sobre aquilo que achamos normal, sempre juntando histórias "comuns" de certa forma, no sentido de poderem facilmente acontecerem na vida real, o que faz com que consigamos nos por no lugar dos personagens, por serem tão comuns e humanas, mas ao mesmo tempo complexas, com personagens também extremamente humanos, complexos e interessantes. Os personagens de Clarice tomam atitudes tão humanas, muitas vezes infantis, que às vezes até parecem que são meio loucos. Eles não tem medo de serem humanos, eles tomam as atitudes que nós não tomamos por medo de nós acharem infantis, imaturos, loucos, ou basicamente por medo do que vão pensar da gente. Se você tem interesse naquilo que você não compreende, naquilo que é diferente ou se você gosta de refletir sobre as coisas da vida, eu recomendo e muito "Perto do coração selvagem".