Fernando Lafaiete 26/04/2017Divertido mas mal escritoHorror em Amityville é mais uma daquelas histórias baseadas supostamente em fatos. Algo que eu adoro, independemente de eu acreditar ou não. Eu já conhecia o plot por já ter assistido algumas vezes o filme, e agora que eu li o livro, posso dizer que em uma questão rara, eu prefiro o filme.
O livro vai contar a história da família Lutz, que se muda para uma "mansão" que foi o palco de um horrendo assassinato. O filho mais velho da família antecessora assassinou os pais e os irmãos enquanto eles dormiam. No julgamento, o tal filho afirma que ouvia vozes e que só cometeu o crime em questão, por ter sido orientado por um espírito maligno que morava na casa.
Eu gostei do livro, mas tenho algumas ressalvas que atrapalharam a minha experiênca de leitura.
A primeira delas, foi a escrita do Jay Anson. Eu não vou dizer que ele escreve mal; mas ele tem um estilo de escrita muito fraco que beira a mediocridade. O autor é bem objetivo, mas esta objetividade prejudicou o desenvolvimento da história. As coisas são apresentadas de maneira muito rápida e não há nenhum aprofundamento nos fatos.
Os capítulos também foram muito mal estruturados. Eu li no kindle uma versão mais antiga, mas dei uma rápida folheada na edição da Darkside, e vi que em relação a estrutura narrativa eles deram uma melhorada. Mas muitos amigos me relataram que alguns problemas passaram despercebidos pela editora. Enfim.. na edição que eu li, em determinados capítulos nos são apresentadas situaçõess paralelas, mas não há nenhum espaçamento entre os parágrafos que indique uma troca de cenário e de personagens. Isto muitas vezes fez com que a história ficasse muito confusa.
Outra questão que me fez achar o livro mediano, é que ele é comparado com as obras primas "O exorcista" e "O bebê de Rosemary". E sinceramente? Ele é muito inferior. Os livros supra citados, possuem um desenvolvimento excepcional tanto de personagens quanto de narrativa. A tensão transborda das páginas tanto de "O exorcista" quanto de "O bebê de Rosemary". Já em "Horror em Amityville" eu achei tudo muito raso, apesar de ter me entretido.
O livro também é recheado de diálogos desconexos. Em um determinado capítulo, a protagonista pensa em contar para o marido algo que aconteceu com ela na casa. Mas vendo o marido perturbado ela muda de ideia. Alguns capítulos depois, ambos começam a conversar sobre estas situções como se ela já tivesse exposto tudo ao marido. Mas essa revelação não é mostrada para os leitores. Em que momento esta conversa se sucedeu? Eu achei que fosse um problema da edição que eu estava lendo; mas pessoas que leram a edição da Darkside me relataram que o problema está na narrativa mesmo, pois também encontraram estes momentos desconexos na edição da aclamada editora.
A leitura é rápida e o livro não é ruim. Mas não embarque na leitura esperando encontrar alguma obra prima do terror; pois como eu citei, a objetividade foi a forma que o autor escolheu contar esta história e portanto muitas vezes tudo soa muito superficial.
Se você acredita ou não em espíritos, em experiências paranormais, e se tudo relatado no livro de fato aconteceu com a família Lutz, ou se eles são um bando de charlatões; não é o que está em questão. Eu não me prendi muito a este fato e encarei tudo como ficção. Como eu disse, o livro diverte, mas a escrita do Jay Anson é superficial e qualquer aluno de ensino fundamental poderia ter escrito melhor que ele.
Horror em Amityville está bem longe de ser um livro excelente, mas serve como entretenimento.