pam.ggs 16/01/2021
"Eu prefiro não fazer."
Essa é mais uma leitura rapidinha que pode gerar em cada leitor um entendimento diferente.
A história em si trata-se de uma pequena narrativa que se passa em meados do século XIX, cujo narrador é um advogado com um escritório na Wall Street, e que precisou contratar mais um escrituário devido ao aumento de serviços, complementando o grupo de 3 funcionários o qual o advogado já possuia. Embora dois dos funcionários já pertencentes possuam também personalidades e psicológicos bem interessantes, é o recém contratado Bartleby - bem excêntrico - quem traz um quê de enigma para a história.
Como já dito, creio eu que várias significações podem ser dadas à narrativa, sendo assim, segue a minha ideia a qual, talvez, esteja um pouco influenciada pelo livro Sociedade do Cansaço de Byung-Chul Han, que cita o livro o qual esta resenha trata:
Tudo se trata da nossa sociedade, que embora desde o período do livro tenha passado dois séculos, ainda nos remete a ideia de produtividade, talvez mais hoje em dia do que na época em que a história se passa.
Durante a própria narração vemos várias vezes a citação de como a cidade é enérgica, sempre em movimento, barulhenta, o que contrapõe com a calmaria de Bartleby. Em outras palavras, a extrema procura por rendimento, contra a improdutividade, o "prefiro não fazer".
Herman Melville cria personagens aos extremos para tecer uma crítica a nossa falta de compreensão sobre o "não querer fazer nada". O advogado que narra é a própria personificação do trabalhador contemporâneo cuja vida se baseia e está mergulhada no trabalho de tal modo que a presença de alguém que não quer trabalhar, lhe parece absurda.
Estamos imersos em uma rotina onde não há pausas, não há a ideia lúcida de não fazer nada, sendo assim, quando vemos alguém que não compartilha esse pensamento de procura por rendimento constante, o tratamos como improdutivo e louco.
Enfim, uma história pequena, mas que pode trazer muitas reflexões sobre nossas vidas.
Recomendo!!