Bartleby, The Scrivener

Bartleby, The Scrivener Herman Melville




Resenhas - Bartleby, o escriturário


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Gizalyanne 22/03/2020

Descritivo
Herman Melville aqui conta uma estória comum mas com seu talento descritivo nos prende do início ao fim. É um conto simples sobre um patrão e seu empregado. Um advogado e um escriturário. Mas o que fascina aqui é a exposição das características dos personagens. Recomendo!
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Gab 22/03/2020

Prefiro Não
Quando um simples copista vai trabalhar num escritório de advocacia de Wall Street e após um período de trabalho intenso ele resolve não atender mais aos pedidos do seu chefe e responde ?prefiro não?!
A partir desse ponto começa uma grande reflexão que chega às vias de fato e deixa uma enorme interrogação aos leitores sobre nossa rotina.
?Bartleby, de repente, prefere não. Ele se vê livre pra dizer que prefere não, para afirmar a recusa, para confirmar a frustração - sem explicações, motivos, justificativas. Até porque ele sabe, ou suspeita, que enfeirar explicações, motivos e justificativas é um outro jeito de se submeter, uma ou outra maneira de dizer sim, sim, sim. Bartleby prefere dizer não, não, não.
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Tamires 17/03/2020

Bartleby, o escrivão: uma história de Wall Street, de Herman Melville
Faz tempo que o e-book Bartleby, o escrivão, de Herman Melville (Ubu, 2016) estava no meu Kindle aguardando para ser lido. Eu tinha pouco conhecimento prévio sobre essa história, mas alguns carimbos costumam acompanhar o livro nas fotos, então meu palpite inicial era de que se tratava de um conto sobre a burocracia. Eu sabia que podia ser uma narrativa com a qual eu pudesse me identificar, tendo em vista que trabalho neste tipo de serviço, como auxiliar administrativo. Mas Bartleby, livro e personagem, é muito mais denso do que toda essa minha análise inicial.

A novela é narrada em primeira pessoa por um advogado que é dono de um escritório que presta serviços de escrituração. Tempos distantes, os quais era necessário um extenuante trabalho manual para executar um serviço que hoje se faz com poucos minutos em uma máquina de Xerox. Este escritório conta com dois funcionários e um estagiário, pessoas as quais o chefe consegue manejar razoavelmente bem, cada qual dentro de seus humores e peculiaridades. No entanto, o volume de trabalho requer a contratação de mais alguém e Bartleby — o novo funcionário —, é um acréscimo diferente, um pouco complicado de se lidar. O rapaz é absolutamente estoico e, a cada ordem que recebe, repete uma espécie de refrão que leremos por toda a obra: “acho melhor não”.

Não pense que Bartleby é um preguiçoso. No início trabalhou com muito mais afinco que o necessário (e recomendado). Seu local de trabalho não era dos melhores, não tinha muita iluminação e a vista de sua mesa era um muro (sem glamour para “Wall Street” por aqui, em uma interpretação e tradução literal). Nele existe algum conflito interno (ou externo, não sabemos), que o faz se rebelar, mesmo que desta forma particular e curiosa, uma revolta pacífica ancorada em suas frequentes negativas. Com isso, Bartleby intriga (e irrita) profundamente seu chefe, além de influenciar os colegas: “Acho melhor…” vira um bordão involuntário no escritório.

Bartleby não diz tudo — na verdade, não diz nada, pois o conhecemos apenas pelo olhar do narrador —, no entanto nos mostra muitas sutilezas psicológicas e de linguagem em sua breve narrativa. Em minha experiência particular no front, entre carimbos e atendimentos, me chamou mais atenção nesta história o fato de que ninguém honestamente e sinceramente se perguntou o porquê da atitude estranha deste homem em sempre repetir “acho melhor não”. O que mais incomodava o dono do escritório era a estranha insubordinação de Bartleby, pois é certo que não sabia como lidar com ela. Deste modo, a única saída possível seria a demissão. Somos descartáveis (?).

Eu poderia dar mais alguns detalhes sobre o livro ou sobre minha longa experiência conferindo, carimbando, rubricando e protocolando coisas. Poderia. Mas acho melhor não.

site: https://www.tamiresdecarvalho.com/resenha-bartleby-o-escrivao-uma-historia-de-wall-street-de-herman-melville/
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Francisco.Assis 03/03/2020

Autonomia e desapego
"Prefiro não fazer", essa é a frase que caracteriza o protagonista, uma fala frequente que causa angústia ao seu empregador. Mas essa frase também representa uma postura de desapego do mundo, de desprendimento da sociedade. Uma obra reflexiva!
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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Bartleby, o escrivão, Herman Melville - Nota 9/10
Recentemente postei nos stories essa edição sensacional da Cosac Naify, relançada pela @ubueditora. A capa vem costurada e as páginas grudadas. Para ler, você tem que cortar uma a uma. E esse conceito empregado na edição não foi por acaso. Nesse clássico da literatura norteamericana, o leitor se depara com um indivíduo extremamente relutante e que demanda muita paciência dos que estão a sua volta - assim como a necessidade de o leitor ir cortando as folhas a cada página que tenta avançar. A narrativa é bem curta e simples. O narrador, um advogado de Wall Street, contrata um escrivão (copista), chamado Bartleby, para trabalhar em seu escritório. Apesar de excêntrico e calado, Bartleby aparenta ser um empregado prestativo. No entanto, um dia, e sem qualquer motivo aparente, responde a um pedido de seu chefe da seguinte forma: “Acho melhor não”. A partir desse episódio, qualquer pedido é respondido pelo famoso bordão, repetido por mais de 20 vezes ao longo do livro. É verdade que a sinopse pode não interessar tanto o leitor. Mas o que surpreende nessa obra não é a história em si, mas o que ela representa e a forma com que Melville a conta. Na minha opinião, é um livro enigmático, que pode ser objeto de diversas interpretações. Bartleby é um revolucionário, um louco ou alguém que está cansado de somente obedecer? Independente das diversas respostas possíveis, fato é que, com um humor tragicômico, Melville constrói uma narrativa que vem quebras com aquelas ideias que, nunca questionadas, são simplesmente aceitas como verdade. Ora, quem recusa, uma atrás da outra, as tarefas repassadas pelo chefe, sem nem mesmo dar um motivo? E qual é o chefe que vai aceitando isso com uma incompreensível passividade? Também é muito interessante constatar como essa relutância de Bartleby acaba contaminando todos que estão a sua volta. Melville, autor de Moby Dick, revela nesse livro uma escrita fluida e repleta de figuras de linguagem, que enriquecem ainda mais a obra. Na minha opinião, esse é um livro que merece ser lido mais de uma vez, até para conseguir extrair ainda mais dele. Portanto, considero uma nota provisória!

site: https://www.instagram.com/book.ster
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Laura.Novelli 17/02/2020

Acho melhor não...
Livro curtinho, para se ler em menos de duas horas. O autor nos leva a imaginar como seria, de repente, se recusar a tudo! Não se sabe o porque, pura e simplesmente, Bartley passa a se recusar a fazer qualquer atividade. Acompanhamos o desespero do narrador, seu empregador, quando até mesmo deixa o prédio ele mesmo, já que o escrivão se recusa até a deixar o local que se tornou seu dormitório!
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Elaine 30/01/2020

Divertida história de até onde um homem chegou por manter-se fiel a uma ideia. Eu ri. E esta versão da Ubu é bem interessante por obrigar o leitor a descobrir como manusear o livro.
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Renato 27/12/2019

Bartleby além de Bartleby: Melville e o Século XXI
Lendo Bartleby e algo mais


Se há alguma obra que nos transforma na literatura, ela certamente passa por Herman Melville. O curto 'Bartleby' é suficiententemente genial e enigmático para operar no leitor um questionamento que vai além do enredo da sua própria vida.

Muito já se comentou das semelhanças de Bartleby com 'O Castelo', de Kafka, com Borges, e muito da literatura moderna e contemporânea. Seu texto angular e sintético, suas parábolas repletas de significâncias nos remetem a ‘metamorfose’, a Beckett, ao 'O estrangeiro’ de Camus e muitos outros. Não é preciso dizer que é óbvio, mas tem que ser repetido porque o livro foi publicado em 1853, muito antes de qualquer menção à palavra desconstrução, quando a fé nos pilares da civilização e nas suas conquistas humanitárias sem credos ou deuses imateriais explícitos ainda reinava .

Não há qualquer spoiler nesta reflexão. E se houvesse algum, não faria a menor diferença. Simplesmente porque o enredo da novela e o desenvolvimento da trama são menos relevantes, complementares à simplicidade aparente do texto de Melville. O que importa ena novela é uma frase repetida diversas vezes, insistentemente, assim como no poema ‘O corvo’, de Edgar Allan Poe: 'Quoth the raven, nevermore”. Já Melville nos repete como uma argola infinita: 'I would prefer not to.'  Expressão traduzida de diversas formas. 'Eu prefiro não', mais fiel ao texto original, em primeira pessoa, mas num caráter mais pessoal, menos universal. Aparentemente Melville parecia querer expressar algo mais universal,  menos pessoal e desta forma mais significativo, o que aparece em traduções menos fieis e literais como 'É melhor não'.

Bartleby é o escrivão que a cada pedido, a cada questionamento e solicitação nega a demanda, e responde: 'I prefer not to', sem qualquer justificativa. Ele não quer e não faz. Ele nega o mundo, não cede.O escrivão é o homem que se opõe ao mundo, irredutível, sem confrontá-lo. Ao invés de transgredir, ele se apodera (Agamben) e nega. Age através da recusa à ação, é o homem da anti-ação. Sua atitude não é a da falta de ação da passividade, ao contrário, ele tem poder e resiste com força, não se entrega. Solicitado a sair do escritório, ele persiste. Ele não se movimenta, fazendo força para persistir. Este é o 'Bartleby' que seduz. O da resistência passiva.

A novela não é uma brincadeira, nem uma historinha contada somente para se divertir, apesar de que pode ser lida desta forma, habilidade que poucos escritores conseguem atingir. A interpretação deste texto claramente depende da maturidade do leitor. É um livro para se ler em diversas fases da vida. Como uma história divertida, aos dezoito anos, como uma reflexão sobre o sentido das nossas ações, décadas mais tarde.


“Nada irrita mais uma pessoa honesta do que a resistência passiva. Se o indivíduo ao qual se resiste não for desumano, e o que resiste, inofensivo, então o primeiro, com a maior boa vontade, vai se empenhar para que a sua imaginação construa com caridade aquilo que foi impossível resolver com a razão.”

— Bartleby, o escrivão - uma história de Wall Street de Herman Melville

Se Bartleby é um livro sobre resistência e poder, então qual é o objetivo da resistência que não confronta? Em primeiro lugar, Melville discute que a inação é uma resistência mais forte que o confronto, algo praticado quase 100 anos depois com Mahatma Gandhi. O poder não se exerce somente pelo confronto, mas também pela manutenção da integridade do indivíduo, a não corrupção pelo mundo. Esta barreira é uma resistência que demanda mais força que a oposição em confronto.

Nenhuma postura é mais ameaçadora para o líder, seja de uma nação ou de uma empresa, do que ‘I would prefer not to'. Especialmente quando não é a resistência de um único indivíduo. Qualquer gestor  sabe que poder é fé. As pessoas têm que acreditar no líder. Se elas não se subjugam, não se submetem, não cedem em troca de algo e acreditam no projeto que vai alem dos ganhos materiais então o líder e a empresa simplesmente não existem. Esta é a fórmula mais simples para o fracasso. Nenhum líder deseja a oposição, mas a prefere à resistência passiva.

Mas não sejamos inocentes. Não basta dizer não ao mundo, não interagir e persistir inviolado em seus princípios. O mundo é uma interação do indivíduo ao seu meio, onde um molda o outro. Fechar-se significa também impedir a interação e viver num ambiente narcísico, um grupo de mídia social. 

Calar-se sem negociar, desaparecer do horizonte dos outros por virtuosismo não transforma o mundo. Transforma o indivíduo. Sem se opor à resistência ativa, é possível pensar num Bartleby completamente contemporâneo,  é o primeiro herói narcisista do pós-modernismo, autorreferente e intransigente,  que luta sozinho, autocentrado, sem a organização em grupos. O indivíduo isolado, em seu hedonismo, acreditando na superioridade de seus princípios, fechado às negociações,  resistindo à força do mundo ao qual ele se opõe, sem efetivamente transformar. Numa primeira leitura podemos dizer que a resistência passiva de Bartleby é um sintoma do narcisismo do mundo de hoje, talvez por isto ainda seja tão vivo por empatia e identidade.

Por outro lado, ´I would prefer not to' não significa passividade ou entrega, nem egoísmo. Do ponto de vista social, dentro de um grupo, negar é mais poderoso que se opor, especialmente se a coletividade nega. Aquele que nega não aceita o outro, sua liderança. Quando o líder não é visto como líder, ele não existe, algo muito mais pesado do que ser visto como um líder justo. Um líder mal visto ainda é visto como líder, um líder negado não existe. Por isto a resistência passiva tem o potencial de ser muito mais ameaçadora para o poder dominante. Todo poder é simbólico, sem simbologia não há poder, a não ser pela força. Não se importar com o olhar do outro significar negar o EU dentro da sociedade, não existir. Assumir que a sociedade não importa é doloroso para os outros, porque também eles perdem a importância, também eles deixam de existir. Negar o mundo, não aceitar e se fechar às suas demandas. Aina que continue sendo um gesto narcisista, mas o narcisismo e o hedonismo tem um poder de desagregação maior que qualquer oposição.

A resistência passiva é portanto um ato político necessariamente anti-político. Anti-polis,  narcisista, onde o Eu nega o Outro sem concessões. Se nega o outro, nega a estrutura, o poder, a sociedade.

Mas isto pode ir além da resistência. Quando a resistência passiva nega também o político, então ela se torna individualista e autodestrutiva. Por isto é importante pensar em Bartleby além de Bartleby, um Bartleby transplantado para o século XXI. Um mudo futurístico para Melville, onde o narcisismo gera uma resistência passiva disseminada e não articulada dentor da sociedade. Um mundo feito de milhões de Bartlebys que não constroem carreira, que não se vinculam, num mundo líquido grandes oposições. Vivem num mundo líquido, negando suas estruturas, mas circulando dentro delas por pura necessidade de sobrevivência. Onde mediante a oposição prefere-se o 'I would prefer not to', não fazer, descasar, desempregar, desistir, mudar.  Mundo intransigências e pouca capacidade de vinculação e adaptação. Troca-se, nega-se ao invés de se lutar para transformar.Um mundo de Bartlebys desapaixonados.  Ou apaixonados pelos, seus prazeres e diversões. O século XXI traz uma nova geração carregada de um anti-institucionalismo espontâneo. Perdeu-se a fé nas instituições, nos governos, nos professores universitários, nas carreiras. É melhor estar sozinho, resistir à 'podridão das instituições' negando-as.

O segundo ponto importante para se abordar é a forma mais extremada de resistência passiva narcisista, quando o indivíduo diz 'I would prefer not to' para toda a sociedade, torna-se intransigente, refém de seus desejos mais primários e narcisistas. Na verdade este Bartleby não é o de Bartleby de Melville, ele consome é um escravo do seu hedonismo, mercadologicamente determinado. Desregulado, faz o que quer, e não aceita limites, regula a expressão do Outor porque não tolera ser recriminado. Este abominável Homem dos prazeres, que só faz o que lhe satisfaz, resiste a toda demanda que lhe causa desprazer, não cede, não faz. Não se vincula. E talvez por isto é um pedaço fragmentado de uma sociedade que perdeu sua força de agregação porque ela não tem motivos para se agregar. A força de uma civilização nasce da fé que ela tem nela mesma, na capacidade que possui de se agregar, de ceder para um bem comum. O mito do sacrifício é essencial em todas as sociedades, pois é ele quem valida a existência do coletivo, a renúncia de um desejo individual em prol de uma vida em comum. Por mais funcional e viável que seja, uma sociedade baseada somente no indivíduo não possui força porque não tem liga. Não tem interseção nem concessões. Esta é a sociedade que nos mostra Houellebecq em 'Submissão', uma sociedade tão fragilizada pelo hedonismo, que consegue ser facilmente suplantada pela força moral de uma civilização mais agregada, mas menos poderosa do ponto de vista tecnológico e econômico. 

O século XXI é um mundo de Bartlebys, de personagens que resistem por motivos diferentes daqueles contados por Melville, mas ainda assim fechados ao mundo, seja para melhorá-lo, seja para ignorá-lo. Não podemos deixar de lembrar que só existimos enquanto estamos no mundo. Nosso mundo de Bartlebys é um mundo de indivíduos que não existem. Aproveitam.


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Erica 11/12/2019

O poder da negação pacífica.
Em poucas páginas, Herman Melville consegue levar o leitor à perplexidade e ao encontro do absurdo. Afinal, todo comportamento humano precisa ter explicação? Quanto o inexplicável te incomoda? Ouvir um "não" te desconserta? Dizer um "não" te custa muito?
Bartleby nos faz refletir sobre o poder da recusa pacífica com sua exaustiva frase "Prefiro não fazer". Numa análise mais profunda, nos coloca em conflito sobre o sentido de fazer o que fazemos. Sempre. Sem questionar.
Bartleby é a negação como um caminho para a libertação da rotina, levada às últimas consequências. Um personagem inesquecível.
Em meu primeiro contato com Melville, ele se mostrou impecável.

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Henrique Fendrich 25/09/2019

Não li ainda nenhuma análise sobre a história, mas eu vejo da seguinte maneira. Toda vez que Bartleby diz "prefiro não fazer" é porque algum dia ele JÁ FEZ o que estavam lhe sugerindo e o resultado não foi positivo. De início, ele devia se esforçar para fazer o que lhe pediam, mas, por mais banal que fosse a atividade, isso lhe custava tamanho esforço pessoal que chegou um momento que ele desistiu. Agora ele não faz. Quando decide parar de fazer as cópias, é porque estava prejudicando a sua vista. Depois de um tempo os olhos melhoraram, mas se ele fizesse aquilo de novo a sua vista iria ficar ruim novamente. Então ele "prefere não fazer", porque é o medo que dita o seu comportamento.

Não é que ele defenda a sua "individualidade", o seu "direito de não fazer", o que Bartleby defende é a sua própria vida, em toda a sua integridade - por mais absurdo que nos pareça, é um drama dessas proporções que se passa na cabeça de um fóbico quando lhe pedem para fazer uma coisa banal como ir ao correio. Ele não quer dar explicação, não quer falar de si, porque já deve ter feito isso - e não foi nada bom.

Bartleby é o paroxismo do fóbico, é o medo levado às últimas consequências. Ele quer ficar no seu cubículo no local de trabalho porque ali tem segurança. Por que sair de lá e ir para um lugar onde será julgado por todos? Bartleby está paralisado e assim ficará, se preciso for, até a morte.

Tipos assim existem em nossos dias e em nossa realidade. São consequência do nosso processo de desumanização, da vida burocrática, impessoal e competitiva que nós adotamos.
Ricardo 25/09/2019minha estante
Essa é uma forma de ver o personagem e a história mas eles tb poderiam ser vistos como uma alegoria de resistência pacífica contra toda forma de dominação. A versão em negativo de Tempos Modernos de Chaplin, o gesto político de Rosa Parks ao se sentar em local proibido no ônibus, o movimento hippie de paz e amor, entre outros... Bartleby me comove por sua imensa fortaleza em meio à enorme fragilidade. ? alguém que ousa dizer 'não' enquanto outros mansamente se resignam à infelicidade.


Henrique Fendrich 25/09/2019minha estante
Sim, estou por dentro também (e inclusive endosso) essa forma de resistência, que a mim foi apresentada por Tolstoi, mas achei o personagem "perdido" demais para que pudesse ser aplicada essa interpretação. ? claro que as grandes obras literárias são justamente essas, as que não deixam uma única interpretação, variando de sentido conforme o leitor.




Maitê 06/09/2019

Melville é um gênio. Se você ainda não leu Moby Dick e descobriu esse fato então leio isso agora.
Em poucas páginas, essa historia completamente virou minha cabeça. Difícil até falar sobre pois ainda estou elaborando os detalhes, me encantando com sua genialidade.
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Nathalie.Murcia 16/07/2019

Hilário
Uma novela curta, que se lê em uma sentada só. A história é hilária, e me rendeu boas risadas. O narrador é um advogado respeitável cuja vida segue uma rotina pacata na cidade de Nova York.

A equipe dele é formada por dois escriturários, Turkey e Nippers, além de um aprendiz "faz tudo", Ginger Nut.
Apesar das esquisitices peculiares aos funcionários, algo esperado em qualquer ser humano, o trabalho no escritório rende e cada um cumpre a contento com as suas obrigações. Entretanto, essa normalidade é alterada com a contratação do taciturno Bartleby, que inicialmente efetuava as cópias dos quais era incumbido, até que passou a negar as mais prosaicas tarefas, com o bordão: "prefiro não fazer".

A personalidade inusitada e desconcertante de Bartleby acaba por tirar o sono do chefe, que não sabe como lidar com o excêntrico copista, culminando na sua demissão, mas Bartleby se recusa a ir embora do local de trabalho, que fez de dormitório, negando, inclusive, a quantia em dinheiro que lhe é oferecida pelo chefe.

Não vou narrar a sequência dos fatos absurdos que se sucedem, para não estragar a surpresa. Bartleby é a epítome da preguiça.

O escritor é o mesmo autor do clássico "Moby Dick".

Recomendo para quem deseja ler algo rápido, fluido e cômico.

Mais resenhas no meu Instagram.

site: http://.instagram.com/nathaliemurcia/?hl=pt-br
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Carol | @carolreads 11/07/2019

Bartleby, o Escrivão
Preferia não fazê-lo.

Bartebly, o escrivão é um livro curtinho. Aqui, o narrador - um advogado - nos conta a história de um funcionário bastante peculiar. Bartleby é contratado para fazer cópias mas, aos poucos, ele começa a se recusar a cumprir suas obrigações. Ele não quer conferir as cópias, não quer ir aos correios, não quer mais realizar seu trabalho, não quer ser demitido...

O livro é muito interessante. O advogado não entende quando Bartebly começa a se rebelar e solta seu primeiro ‘preferiria não fazê-lo’. Quando a situação começa a se agravar e Bartebly passa a morar no escritório, o advogado, apesar de muito incomodado, ainda tem pena dele e procura ajudar. Porém a situação se torna insustentável e o advogado - para se livrar do funcionário - muda de escritório, deixando Bartebly como um presente para o próximo locatário da sala.

Não achei que um livro tão pequeno causaria tantas sensações. No começo toda a história é bastante cômica, depois comecei a fica beeem agoniada com a situação.

E aí, alguém já leu esse livro? O que acharam?

site: https://www.instagram.com/carolreads
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Ana Paula 05/06/2019

Sentimentos variados
Essa história me deixou nervosa, irritada e ao final confusa. Tantos sentimentos que demonstram como eu ainda tenho que melhorar como pessoa...
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