Eduarda Graciano do Nascimento 16/04/2019"Carecia de pensar feito já fosse pessoa grande?" De um lado, a infância, do outro, o início da velhice. As duas novelas de Guimarães Rosa presentes no livro acompanham essas duas fases da vida nas pessoas de Miguilim, de “Campo Geral”, um garoto de cerca de oito anos que vive feliz no Mutúm - terra que o maravilhava, mas que para sua mãe era esquecida por Deus - e de Manuelzão, de “Uma Estória de Amor”, um vaqueiro de sessenta anos que começa a sentir o peso de tantos anos de trabalho e a questionar suas escolhas de vida.
Eu nunca tinha lido Guimarães Rosa. Tenho Grande Sertão: Veredas na estante há muitos anos, mas sei da fama e nunca me arrisquei. Dessa vez, o autor foi o escolhido, com Manuelzão e Miguilim, para o Clube de Leitura do qual faço parte e não tive como escapar. Não vou mentir: a leitura foi muito difícil e eu sinto que mesmo lendo as duas novelas inteiras não consegui me acostumar. Claro que isso de forma alguma anula o encantamento que as histórias me causaram. Nem sei de qual gostei mais.
Eu só tenho 26 anos mas sou uma pessoa muito nostálgica. E pra completar (ou por isso mesmo) meu transtorno de ansiedade me faz projetar o futuro com muita freqüência, então não tinha como um livro como esse não mexer profundamente comigo. As duas histórias são curtas e simples, mas de uma beleza sem igual. Aprendemos tanto com aquele que já viveu muito quanto com aquele que ainda tem sua inocência intocada. Ambas as histórias são dolorosas e acolhedoras, cada uma à sua maneira.
Por mais difícil que seja sua leitura, esse livro é poesia pura! Não à toa Guimarães Rosa o chamou Poemas. A leitura é quase cantada. Ele merece a releitura que eu preciso fazer.
E eu achando que Peter Pan era o auge...
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