O deus das pequenas coisas

O deus das pequenas coisas Arundhati Roy




Resenhas - O Deus das Pequenas Coisas


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Ane 30/11/2011

Claro como um pensamento infantil e complexo como o mundo adulto, "O deus das pequenas coisas" é um livro simples, profundo e extremamente delicado. A vida como ela é, independentemente de limites geográficos ou culturas diferentes, a maldade e a bondade humana, o poder que temos dentro de nós!

No início a história é confusa. O presente e o passado (próximo e remoto) se misturam. O leitor fica perdido, sem entender. É preciso certa persistência. Contudo, depois da 100ª página a leitura flui como um rio que escoa para o mar. Natural. Foi assim que aconteceu comigo.

Achei que a trama seria uma criação fantástica dos irmãos gêmeos Estha e Rahel para superarem as misérias do dia-a-dia em um país subdesenvolvido. Nada disso! Sem deixar de ser mágica e encantadora, a escritora conta um momento de uma família, um momento que mudou tudo, que transformou o futuro daquelas crianças de apenas 6 anos de idade.

"Por quê?", Rahel perguntou.

"Porque Tudo Pode Acontecer Para Qualquer Um", Estha respondeu. "É melhor Estar Preparado".

Certo, pena que TUDO é muita coisa e não temos condições de estarmos preparados para tudo ao mesmo tempo!

O deus das pequenas coisas é Velutha, um paravan (intocável). Velutha é o homem amado pelos gêmeos de dia e pela mãe deles, Ammu, à noite. Sucede que Ammu era uma pessoa "tocável", enquanto Velutha tinha que varrer o rastro dos próprios pés, tinha que tentar ser invisível, mesmo com as modernas transformações da sociedade indiana. A beleza de Velutha, então, estava nas pequenas coisas que ele podia fazer, que na verdade, o tornava indispensável e imprescíndivel para todos, mesmo para aqueles que não o enxergavam.

Assim, Ammu e seus filhos gêmeos bivitelinos quebraram as Leis do Amor. "Que determinam quem pode ser amado. E como. E quanto" (fls. 336).

Enfim, eu chorei, me emocionei e certamente vou carregar no coração, ao longo dos anos, a linguagem deliciosa de Arundhati Roy.

Giovana 02/02/2022minha estante
Seu primeiro e último parágrafos traduzem todo meu sentimento pelo livro que acabei de terminar.




DIRCE18 30/12/2010

"DEUS" x deus
Logo no início da leitura desse livro, gostei. Mal sabia ,eu ,que estava a minha espera um emaranhado que combinava as reminiscências de Rahel com o seu tempo presente.
Por sorte esse livro não chegou às minhas mãos uns meses atrás:não tenho dúvidas que o teria abandonado.
Felizmente acho que fiz a leitura do livro certo " O deus das pequenas coisas" no momento certo, uma vez que, vencida a estranheza e dificuldade da leitura, eu me senti "acorrentada", tal e qual as personagens do romance: Ammu ao fardo de nascer mulher na Índia, Mammachi à lembrança de maus tratos impostos pelo seu marido, Baby Kochamma à lembrança de um amor platônico, Estha à lembrança do abuso sexual sofrido e Rahel ao temor de que sua prima Sophie Mol lhe roubasse o amor de Ammu ( sua mãe).
Ammu tentou quebrar os elos da sua corrente – se envolveu com o deus das pequenas coisas, esquecendo-se, porém, que era o "Deus" das "grandes" coisas ( lê-se: leis, tradições, História, etc... etc...) quem determinava Quem devia amar. E como. E quanto, desencadeando uma sucessão de tragédia e, por isso, foi severamente punida e fez com Rahel e Estha - gêmeos dizigóticos, mas siameses de alma - também sofressem punição.
No final Rahel e Estha se re- encontram, e também eles ( pelo que eu entendi) tentam quebrar os elos das suas correntes, à despeito do que preconiza a lei do amor .
Desconhecia a autora Arundhati Roy, nascida em Kerela na Índia e, talvez, por ela ter presenciado a subjugação da mulher indiana, o sistema de castas, a influência européia na cultura indiana que fez com que, de certa forma, eles – os indianos - se sentissem "sujos", inferiores frente "à brancura" dos ingleses, pode tratar desses temas com propriedade, contudo, sem deixar de lado a sensibilidade e a beleza da escrita, uma beleza que me encantou, que me "acorrentou" e os meus "elos" só foram quebrados quando concluí a leitura.

Alguns fragmentos:

Chacko disse aos gêmeos que mesmo detestando ter que admitir eles eram todos anglófilos. (...) Voltados para a direção errada, presos do lado de fora da própria História e incapazes de retornar sobre os próprios passos porque as pegadas tinham sido apagadas (...) pág. 60

(...) o que se esperava dos paravans era que engatinhassem para trás com uma vassoura, apagando as próprias pegadas, para que os brâmanes ou cristão sírios não ficassem impuros ao pisar acidentalmente em cima da pegada de um brâmane. pág. 82

As crianças brancas e limpas, até as grandes, tinham medo de trovão. Para consolá-las Julie Andrews pôs todos na sua cama limpa e cantou para eles uma canção limpa (...) pág. 115

" (...) A prima deles chega amanhã", ela explicou para o Tio. E acrescentou casualmente: “De Londres”.
"De Londres?" Um novo respeito brilhou nos olhos do Tio. Por uma família que tinha ligações com Londres. Pág. 119

Uma mariposa fria com tufos de pêlos dorsais excepcionalmente densos pousou suavemente no coração de Rahel. No ponto em que as patas geladas a tocaram, ela se arrepiou. Seis arrepios em seu coração descuidado.
Sua Ammu a amava um pouco menos . pág. 122

(...) Pequenas bolhas de banana se afogando e ninguém poderia ajudá-las.
O Homem do Refrescodelaranja Refrescode limão podia encontrar a qualquer momento. Pegar o ônibus Cochin-Kottayam e chegar (...) pág. 205.
Cassião 28/08/2020minha estante
Mas como eu leio esse livro


Helder 18/10/2020minha estante
Oi Dirce, tudo bem? Há tempos não nos falamos né? Mas acabei de ler este livro maravilhoso agora e adorei achar sua resenha por aqui.


DIRCE18 21/10/2020minha estante
Oi Helder! Parece brincadeira, mas já se passou uma década desde que fiz esta leitura. Confesso que me lembro pouco , mas seu comentário me levou a ler o meu , e meu deu vontade de reler. Ainda tenho o livro. Quem sabe...


Cris 27/03/2021minha estante
Terminei a leitura e vim procurar uma resenha. Encontrei esse presente que foi a sua. Gratidão!!


Margô 28/10/2023minha estante
Estou lendo o livro. Estou entregue à densidade das personagens, aos encontros e desencontros dessa narrativa que nos arrebata de uma forma cativante... mas quero falar da tua resenha! Achei perfeita o resumo que você apresentou sobre o destino das mulheres na obra... Pensando bem, quem e feliz nesta família tão destituída de puro amor ?? ? Obrigada pela primorosa resenha.


DIRCE18 28/10/2023minha estante
Obrigada, Margô. Sinto-me lisonjeada. Li há tanto tempo, Preciso relê-lo.


Margô 29/10/2023minha estante
???


Fernanda.Mourelle 11/02/2024minha estante
Tinha abandonado a leitura, mas esse comentário definitivamente me fez querer ler de novo. Que profundidade Dirce! Muito obrigada


DIRCE18 11/02/2024minha estante
Eu que agradeço. Espero que você goste.




Reader Marla 26/03/2009

Sem dúvida uns dos melhores livros que eu já li. A narrativa não-linear faz com que queiramos chegar logo ao final, para montarmos a história. A autora faz descrições com imagens quase surreais e belíssimas. Não é à toa que é o tema de uma pesquisa minha.
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