O deus das pequenas coisas

O deus das pequenas coisas Arundhati Roy




Resenhas - O Deus das Pequenas Coisas


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Mariana 02/01/2021

Nauseante
Comecei a ler o livro na Índia, comprado em uma banca de rua no caos de Delhi, em 2015. Não consegui concluir a leitura então, o Deus das pequenas coisas precisava de tempo para assentar. Agora, cinco anos depois, com a saudade da Índia que nunca arrefece, pude com Roy mergulhar nas amarras, dores e sutilezas de uma Índia sul, cristã e quente e umida, tão marcada pelas regras da grande História quanto as outras partes do subcontinente indiano, mas à sua maneira, que nos apresenta uma realidade diversa dos arranjos de tradição, hierarquia e luta de classes. Impossível de não fazer um paralelo com o racismo e desigualdade à brasileira experimentado no norte do Brasil.

Através de uma escrita nauseante, que nos leva e traz no tempo dos acontecimentos, a autora consegue nos colocar em uma certa embriagues do tempo em que as coisas já haviam se sacramentado, mesmo quando ainda estamos conhecendo as minúcias dos corações de cada personagem. Entre a família Kochamma, seus empregados, contatos e relações, um dos personagens que se insinua com grande força é a História, deixando as marcas da sua presença além do tempo. Seus filhos, o colonialismo, o machismo e a misoginia, bem como o duro sistema de castas indiano, também ocupam seu lugar central nessa história, sem deixar de serem apresentados nas minucias mais profundas, aquelas que se desenvolvem nos corações através do tempo. Um último destaque ao desenvolvimento do pensamento e atos das crianças, em geral colocadas em segundo plano, mas que nesta obra são desenvolvidas com lealdade e reverência aos seus universos particulares, atravessados também pelas grandes regras e pela grande História. Sem dúvida uma grande leitura para quem quer sair do lugar, desconstruir seu olhar e se emocionar diante da complexidade e sutileza com que a vida se inscreve em cada um de nós.
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Garcia 03/11/2020

“Não houve música de tempestade. Nenhum redemoinho surgiu das profundezas tintas do Meenachal. Nenhum tubarão supervisionou a tragédia.
Apenas uma calada cerimônia de entrega. Um barco derramando sua carga. Um rio aceitando a oferenda. Uma pequena vida. Um breve raio de sol.”

Rahel e Estha são gêmeos bivitelinos que cresceram entre os caldeirões de geleias de frutas e compotas da avó. Possuem uma infância cheia de imaginação e fantasia, tentando fugir dos problemas familiares e brincando pelos arredores de sua casa. A visita e o eventual falecimento de uma prima inglesa mudam toda a dinâmica familiar e os irmãos veem-se pela primeira vez separados. Esse afastamento é traumático e toda a vida adulta dos gêmeos é afetada por esse acontecimento.
Estha e Rahel possuem uma sintonia quase anormal, pois conseguem perceber e sentir as emoções e medos um do outro. Crescem na casa da avó Mammachi, junto da solitária mãe, Ammu, o estudioso e expansivo tio Chaco e a tia-avô Baby Kochamma. Foram crianças muito diferentes, mas sempre se identificaram como uma coisa só, um Nós. Nunca se viram como pessoas individuais, um Eu. A infância foi relativamente calma, apesar do divórcio precoce dos pais e a mudança para a casa da avó. A vida adulta é nebulosa e, anos após a separação turbulenta, os irmãos finalmente se reencontram. Ambos estão diferentes, mas sua conexão está mais forte do que nunca.
O livro é muito bem escrito, com alguns trechos sendo praticamente poéticos e tem uma história original. Não possui uma narrativa linear, porém, em momento algum isso dificulta a compreensão. A autora dosa os instantes de felicidade e tensão, mas em grande parte o sentimento que mais transparece é a melancolia, seja pelas narrações do que os personagens estão sentindo às descrições dos cenários nebulosos e o ambiente úmido de Ayemenem. Um ótimo livro sobre como tudo pode mudar em apenas um dia, como as vidas podem ter seus rumos alterados e assumir formas feias ou incompreensíveis. Rahel e Estha percebem que até mesmo o Nós pode se acabar. 4,5/5.

site: https://www.instagram.com/p/CHJKuSSDzkH/
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Júlia 15/09/2020

Esse livro é um livro político, nos elucida o poder, nos escancara como o medo permeia a coordenação politica dos nossos corpos e massas. Segue um dos trechos que achei incrível:
?O medo que a civilização tem da natureza, o medo que os homens tem das mulheres, o medo que o poder tem da impotência.?

Como o amor pode aquecer, acalentar, mas também corroer os nossos caminhos.
O Deus das pequenas coisas paradoxalmente e o maior e o mais importante no transcorrer dos nossos caminhos.
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Flavia Sena 27/08/2020

Não lembro como esse livro veio parar na minha lista de leitura, mas iniciei sem saber muito do enredo, e me iludi completamente com o título, pensando que seria algo light kkk Alguns momentos eu não entendia nada, mas depois iam se revelando outros detalhes e tudo se encaixava. A autora aborda alguns acontecimentos em torno de uma família em vários momentos no tempo e no meio disso insere assuntos sérios, com uma forma de narrar bem peculiar. Imagino que tenha dado um baita trabalho pra quem traduziu...
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Henrique Fendrich 15/08/2020

O livro dessa indiana me provocou muitas reações diversas e mesmos opostas ao longo da leitura. De início, ele me pareceu interessante. Depois, enfadonho. Depois, belíssimo. Depois, arrastado. Depois, empolgante. E cheguei a alguns momentos realmente brilhantes, embora nem sempre a linguagem mais poética da autora tenha penetrado nas minhas emoções.

É a história de dois gêmeos, um menino e uma menina (Estha e Rahel), mas também a história da mãe deles (Ammu), que as cria sozinha, e de Velutha, um “intocável”, vindo de casta tão desprezível na Índia que as pessoas sequer poderiam tocá-lo. Toda a história tem como pano de fundo a vinda de uma prima, Sophie Mol, porque é a partir da sua vinda e dos trágicos acontecimentos que se sucederam que a “História” se manifestou sobre essas vidas e definiu os destinos de todos da família – isso e também a perfídia da tia-avó Baby Kochamma.

Em meio à poesia da autora, sobressam-se características como o uso de letras maiúsculas para determinados substantivos, querendo-se com isso, aparentemente, expressar o grau de importância que teriam para crianças como os gêmeos – a autora se sai muitíssimo bem ao expressar o mundo infantil. Também há certos “refrões”, repetidos ao longo da trama e que, igualmente, expressam as ilações que as crianças são capazes de fazer entre as situações que vivenciam.

A trama também não é linear, as pessoas estão continuamente indo do passado ao futuro, e mesmo da morte à vida, o que também serve para “presentificar” a realidade e a consistência que eventos antigos ainda tinham para os personagens.

Um momento muito marcante é o encontro do menino Estha com o vendedor de refrigerantes no cinema, porque ali, naquele perturbador abuso que se verificou, também foi fechado mais um elo importante da terrível cadeia de acontecimentos que estava para se formar.

Entre os momentos que considero brilhantes está o da surra que Velutha leva de policiais, porque ali são feitas considerações psicológicas e sociológicas altamente revelantes, como se a autora tivesse conseguido desnudar as motivações ocultas por trás daquilo que, do lado de fora, nos pareceria apenas uma ocorrência banal da sociedade – e não é preciso viver em uma sociedade marcada por uma divisão tão estreita de castas para perceber o acerto das suas observações, já que também nós lidamos com situações similares.

O encontro entre Velutha e Ammu, entre um intocável e uma tocável, mas uma tocável de história pessoal tão sofrida, tem algo de apoteótico, e as descrições que a autora dá são algo de arrebatador.

Há ainda alguns dramas perpendiculares, que não chegam a desenvolver em sua totalidade, o do irmão paralítico de Velutha, o do líder comunista do local e mesmo o de Chacko, o tio dos gêmeos, o pai da pobre Sophie Mol, mas isso não é necessariamente algo ruim, antes mostram que a autora tem bastante a oferecer.

Dito isso, considero que vale a pena a leitura, pois, embora ela possa, de vez em quando, chegar às duas estrelas de avaliação, com frequência chega a quatro.
Helder 18/10/2020minha estante
Ótima resenha. Senti tudo o que vc descreveu. Foi uma leitura complexa. Muitas vezes achei que a autora tinha se perdido, mas tudo ali era necessário e todas as pontas se juntaram. Se a narrativa fosse linear, talvez não nos emocionassemos do mesmo jeito. Para mim foi 5 estrelas.




Nath 15/06/2020

Esse livro é de uma delicadeza absurda. Expõe vários temas de uma maneira linda, como a infância dos gêmeos... e ao mesmo tempo nos deixa enojados sobre certas facetas da nossa sociedade.
Tornou-se um dos meus favoritos com certeza!
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Ana Magiero 11/06/2020

📖 25/60: O deus das pequenas coisas. Arundhati Roy. 4.5/5 🌟 344 páginas.
Esse era um livro de uma lista que tínhamos que ler para uma matéria na faculdade de Letras, mas óbvio, que eu não consegui terminar a tempo e parei na metade e para o #ClubeDoLivroRibeirão consegui terminar. Não, não voltei do início e nem sei como será essa resenha, pois não me lembro de muito da leitura #sorry, mas darei o meu melhor.
Essa história começa no estado de Kerala, no Sul da Índia, onde coabitam grandes fés: cristianismo, hinduísmo, islamismo e marxismo. Ali, em 1969, na estrada para Cotchim, um Plymouth azul fica retido no meio de uma manifestação de trabalhadores. No carro estão os gêmeos Rahel e Estha, então com sete anos - e assim começa sua história. Os dois crescem entre caldeirões de geléia de banana e pilhas de grãos de pimenta, na fábrica da avó cega. Armados da inocência invencível das crianças, tentam inventar uma infância à sombra da ruína que é sua família - a mãe, a solitária e adorável Ammu, o delicioso tio Chacho, a inimiga Baby Kochamma e o fantasma de uma mariposa que um dia pertenceu a um entomologista imperial. Rahel e Estha descobrem que As Coisas Podem Mudar num Só Dia, que as vidas podem ter seu rumo alterado e assumir novas - e feias - formas. Descobrem que elas podem até cessar para sempre.
Preciso dizer que infelizmente eu não leio muito livros sobre a cultura indiana e esse foi o que me pegou de jeito, porque a escrita da autora é muito poética, até os pontos dolorosos da história, ela consegue transmitir certa poesia na sua escrita. O que mais me lembro da história (li a maior parte em 2017), é a forma como a infância dos gêmeos Rahel e Estha é rica em detalhes de sua cultura e algo que nunca esquecerei: nós podemos ser felizes com as pequenas coisas.
A filosofia por trás desse livro é encantadora. Foi muito importante perceber que podemos sim sermos felizes com pequenas coisas e é isso que os gêmeos tentam passar para nós, principalmente com uma família que a cada momento, encontram uma maneira de brigarem entre si. Não irei falar muito, só espero que vocês leiam.
#resenhasaninha
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Gi Gutierrez 14/05/2020

O Deus das pequenas coisas
Um livro sensível, que nos faz pensar sobre aquilo que nos é caro. Uma história poderosa que ainda nos presenteia com um recorte de um dos países mais interessantes do mundo: Índia.
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Lara 08/05/2020

The God of the small things - O Deus das pequenas coisas [Arundhati Roy]
Às vezes eu compro livros pela capa. Ou pelo nome. Uma mistura dos dois, foi o caso desse livro. Em todo caso, eu já tinha gostado antes de ler. Acontece comigo às vezes, quase como uma ideia fixa. Comprei há cerca de um ano, já tinha recomendado a um bom par de gente, mas não tinha lido nem meia dúzia de frase.
Pois é. Mas a intuição estava certa.
“O Deus das pequenas coisas” ganhou o Booker Prize em 1997. Mas eu não sequer sabia disso. Soube da sua existência no início do ano passado, entre uma conversa e outra aqui mesmo em Goa, na India, em uma tarde qualquer no Shala. Eu e Toni queríamos conhecer alguma livraria legal e, por acaso, tinha uma australiana por perto, que, através de um inglês rápido e bem complicado, jogou no ar a indicação. Entendi o título, o lugar da livraria e o prêmio.
Não entendi bem sobre o que se tratava, mas o título me fisgou. Lembrou-me de uma frase que a minha professora, aqui na India, muito repete: “God is in the details” [Deus está nos detalhes]. Nos detalhes, nas pequenas coisas. E, assim, com essa inferência, criei uma imagem do livro, uma imagem com notas doces, com sabor de tarde morna e brisa do mar.
Bom, é verdade que os sabores não foram os mesmos da minha imaginação. A história que se desenrola por este céu nada convencional (o céu do Deus das pequenas coisas), é uma história densa, uma pequena/grande tragédia de família, nas tramas do problemático contexto político e social da India. A morte de uma criança, um enterro em uma igreja abafada, alguém que foi preso por um terrível engano. Sabemos disso já nas primeiras páginas do livro, mas levamos até as suas últimas páginas para entender o que realmente aconteceu. Para compreender o conjunto dos pequenos acontecimentos, das pequenas coisas, dos detalhes que levaram ao fatídico momento que tudo mudou. Afinal…

“…Talvez seja verdade que as coisas podem mudar em um dia. Que apenas doze horas podem alterar a trajetória de uma vida inteira. E que, quando isso acontece, essas poucas horas, como os destroços saqueados de uma casa incendiada, o relógio calcinado, a fotografia rasgada de um momento feliz, a mobília enegrecida, podem ser ressuscitados das ruínas e examinados. Preservados. Explicados…”

Sim, o sabor era outro.
Talvez um sabor de… refrescodelimãorefrescodelaranja, com toques de anoitecer. Um retrato cru de uma India que o misticismo acrítico e o turismo predatório não revela.
Se a história é densa, sua linguagem é poética. Poética, muito poética. Pensando bem, o livro é isso. É uma história que só pode ser contada através de uma perspectiva muito pessoal, para a qual a linguagem convencional não seria suficiente. Por isso a autora cria palavras, junta palavras, muda a ordem das letras, mistura sons com cores com cheiros com sabores. Uma linguagem vertiginosamente sinergética. Que termina com tons terrosos. E doces, porque não?
O nó na minha garganta ao terminar de ler, não era apenas pela tragédia. Era uma tragédia banhada de poesia. Nas pequenas coisas. Naquelas coisas quase imperceptíveis. Que estão nos detalhes. Nos mínimos detalhes.
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Mariana 06/03/2020

a História foi pega no contrapé, desguardada
O Deus das Pequenas Coisas é um livro sobre a fragilidade, sobre a intimidade e, ao mesmo tempo, sobre a impessoalidade da história humana. Um micro representando o macro. As Pequenas Coisas seriam o íntimo de cada um, enquanto as Grandes Coisas seriam a conjuntura política e social.

"Esse Grande Deus rugia como um vento quente, e exigia obediência. Então o Pequeno Deus (íntimo e contido, particular e limitado) se afastava, cauterizado, rindo entorpecido de sua própria temeridade. Habituado à confirmação de sua própria insignificância, ele se tornava flexível e realmente indiferente. Nada importava muito. Quase nada importava."

É isso que é tão cativante no livro: fala de gente como indivíduo, como ser único, mas fala de gente como peças da História, que impõe leis sobre quem deve ser amado, quanto e como. História com H maiúsculo.

Mas tá, sobre o que é o livro? É sobre uma família indiana, especialmente focado nas duas crianças da família: os gêmeos Rahel e Estha, seus percalços e a vida das pessoas ao seu redor.

O jeito como a história foi contada, cheia de poesia e com muitos personagens dentro de uma família, me remeteu ao Cem Anos de Solidão, do Gabo; e o fato dos protagonistas serem dois gêmeos me lembrou de Dois Irmãos, do Milton Hatoum. Em termos de estilo e narrativa eu diria que Arundhati Roy construiu um mix dos dois.

Gostei muito do jeito como a autora capta o jeito como as crianças enxergam o mundo. Por exemplo, quando a mãe deles, Ammu, usa a palavra "devidamente" por estar brava, os irmãos acham que essa palavra soa como um poço fundo. Essa analogia e tantas outras são de uma sensibilidade graciosa que me encantou muito. Uma das cenas de amor do livro é uma das mais lindas que eu já li na ficção!!!! Fiquei arrepiada com a entrega e com o medo que envolve os dois personagens.

"O homem parado na sombra das seringueiras, com moedas de sol dançando no corpo, carregando a filha dela nos braços, levantou os olhos e viu o olhar de Ammu. Séculos de concentraram em um único momento evanescente. A História foi pega no contrapé, desguardada. Descascada como a cobra descasca a pele velha. Suas marcas, suas cicatrizes, suas feridas de velhas guerras e os dias de andar para trás sumiram."

A autora consegue imbuir na história poética do livro críticas veementes, apesar de sutis. Fala da prostituição de costumes locais para o turismo estrangeiro, da emigração dos indianos para países estrangeiros, da violência policial (cujo sistema faz do policial em si não só o opressor mas também uma vítima), do marxismo como narrativa que se adaptou bem às regiões de fé cristã (por conta da similaridade do maniqueísmo), entre tantas outras.

"...porque sabia, aquele Pessoal do Hotel muito esperto, que o cheiro, assim como a pobreza dos outros, é meramente uma questão de se acostumar. Uma questão de disciplina. De Rigor e Ar-condicionado. Nada mais."

Sobre o autoritarismo e a violência, Arundhati é fatal:

"Sentimentos de desprezo nascidos de um medo incipiente, inidentificável: o medo que a civilização tem da natureza, o medo que os homens têm das mulheres, o medo que o poder tem da impotência. O impulso subliminar do homem de destruir aquilo que não pode dominar, nem deificar."

Do. caralho. Livro mais lindo do ano até agora. Recomendo demais a leitura!
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Ana 27/12/2019

O Deus das pequenas coisas nos mostra uma cornucópia de crenças, de visões políticas, e de situações que poderiam ocorrer em qualquer lugar do mundo. Mas, mesmo por ocorrerem na Índia, não nos distanciam tanto assim delas.
Enredo: A própria autora do livro gosta de defini-lo como uma obra sobre as leis que determinam “quem deve ser amado, e como. E quanto”.
É uma obra com forte poder descritivo, que tem a capacidade de nos situar no país, uma Índia cheia de conflitos, e de contrastes entre a modernização versus a velha face da sociedade de castas da qual tanto se ouve falar, com seus preconceitos e costumes antigos, que ninguém combate.
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Bruna.Paixao 08/09/2019

Lindo e triste
Como eu amei esse livro! Uma história tão triste, sob a ótima de duas crianças, gêmeos bivitelinos. O mundo feio dos adultos visto por elas. Narrado como são os pensamentos infantis, sua lógica que faz todo o sentido, mas que também é tão diferente da dos adultos. Recomendo muito!
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13/08/2019

O enredo é bem simples, mas você só vai perceber isso quando finalizar a leitura. O que transforma esse livro em algo mais é a forma como a autora optou em apresentar a história. Além de uma escrita absurdamente linda e poética, é narrado sem uma ordem cronológica, o que pode ser um pouco confuso no começo. Para piorar, a curiosidade é instigada, porque são citados acontecimentos que levaram a um grande desfecho trágico, aqui chamado de Terror, que ainda não possuímos o panorama geral para entender do que se trata.

Vamos acompanhar Rahel e Estha, gêmeos bivitelinos que moram numa cidade pequena no interior da Índia. A história tem dois períodos principais: 1969 e 1993. Sabemos que por causa do Terror citado acima os dois tiveram que se separar quando tinham 7 anos, e o livro começa com o retorno de Rahel, 23 anos depois, para o vilarejo que morava quando criança e onde seu irmão ainda vive. A partir daí vários outros personagens cruciais entrarão em cena e consequentemente a história vai e volta no tempo para contar a vida de cada um deles. Tem a tia solteira, Baby Kochama, que vive uma velhice amargurada. Tem o tio anglófilo, Chako, que frequentou Oxford e se casou com uma inglesa, somente para ser trocado por outra pessoa. Sophie Mol, a filha de Chako, que está visitando a Índia pela primeira vez. Ammu, a mãe dos gêmeos, que não tem nem 30 anos e já acha que a vida dela acabou porque não há perspectiva para uma mulher sem marido. Mammachi, a mãe de Chako e Ammu, tão permissiva com o filho homem, mas intolerante com a filha mulher, mostrando o machismo enraizado. E o meu personagem preferido, Velutha, tão inteligente e bondoso, mas que pertence a uma casta considerada inferior - um paravan intocável - e por isso se vê preso nesse sistema sem sentido, tendo que se conformar com uma vida miserável.

Aos poucos vamos entendendo que uma sucessão de pequenas desgraças teve que acontecer com cada um desses personagens para culminar no grande Terror, aquele com letra maiúscula.

Acho que é um daqueles livros que é melhor não saber nada a respeito. De ir desvendando aos poucos onde cada peça desse quebra-cabeça irá se encaixar. De perceber no fim que todas as pequenas coisas acabam se conectando com as grandes.
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letambem_sobrelivros 17/06/2019

Quem deve ser amado, e como. E quanto ??
Livro vencedor do Booker Prize de 1997, conta a história dos gêmeos Rahel e Estha, que sofrem mudanças tristes e profundas em suas vidas em função do sistema de vida na Índia, cidade de Ayemenem, ano de 1969.

As mudanças e acontecimentos de um mundo ditado pelo patriarcado, pelo sistema de castas e herança da colonização inglesa, são vistos e narrados de forma infantil e cheia de imaginação pelos gêmeos, de forma a alternar momentos chocantes com narrativa e visão ingênua e inocente.

Alguns dos personagens são os gêmeos, a mãe deles - Ammu, o avô Pappachi, a avó Mammachi, a tia Baby Kochamma, o tio Chacko, sua filha Sophie Mol, o amigo Velutha;

Em entrevista, a autora: “Este livro é sobre como as pequenas coisas se conectam com as maiores. Como a política penetra as vidas privadas. É sobre a teia que conecta tudo.”
.
A narrativa se estrutura de forma fragmentada, os acontecimentos são apresentados por partes, os pedaços vão sendo juntados, e existe a repetição de frases e de algumas idéias centrais ao longo de todo o livro. Para alguns pode ter ficado cansativo em alguns momentos, li críticas neste sentido, mas considero que funcionou bem.👍

Trecho: “Pode-se argumentar que tudo começou antes que o cristianismo chegasse num navio e se difundisse em Kerala como o chá de um saquinho no bule. Que tudo começou quando as Leis do Amor foram promulgadas. As leis que determinam quem deve ser amado, e como. E quanto.”

A história de Velutha me chamou atenção, que peca pela transgressão de casta. A reflexão sobre nascer com um papel definido, condenado à um modo de vida, independentemente de seus feitos e suas habilidades.
.
Sobre a herança da colonização: “ (...) eles eram todos anglófilos. Voltados para a direção errada, presos do lado de fora da própria História e incapazes de retornar sobre os próprios passos porque as pegadas tinham sido apagadas”.

Novamente a autora: "Meu livro fala apenas da magia que existe no olhar infantil, da maneira como as crianças se movem entre mundos considerados reais e mundos mágicos, sem perceber a diferença.”
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arlete.augusto.1 15/06/2019

Uma obra prima
Ótimo livro, recomendo.
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