Joy Alves 07/12/2020
E a Rainha do Crime ataca mais uma vez!
O crime nunca é simples. Para conseguir desvendar os mistérios que rondam as histórias de Agatha Christie é preciso compreender que eles possuem camadas de complexidade. E se teve algo cheio de camadas foram os personagens de Punição para a inocência. Cada um dos protagonistas da história tem sua dor, suas dúvidas, suas angústias e claro, suas motivações para cometer o misterioso homicídio. E todas elas foram muito bem apresentadas e trabalhadas ao longo da história, por isso é tão difícil solucionar o crime e tão fácil desconfiar de todos os suspeitos.
Agatha Christie construiu uma narrativa tão tensa, que me deixou paranoica. Eu estava igual os personagens da história, desconfiando de tudo e de todos. Eu li cada capítulo completamente atenta, a cada linha que meus olhos liam eu ficava me perguntando “será que isso é uma pista? Ou nada demais? ”. Porém, o que eu tinha esquecido é que com Agatha Christie nada é por acaso, tudo que está no livro tem um motivo. Prova disso é o final, completamente amarrado, em que aquela frase ou informação que achava irrelevante, na verdade era a chave para a solução.
Antes de encerrar minha resenha, quero somente pontuar duas coisas problemáticas, presentes na história, que me incomodaram: o machismo e o racismo. Eu já sabia que iria encontrar isso, pois quem conhece a autora sabe que, infelizmente, isso é comum em suas obras, mas mesmo assim, preciso dizer que isso me incomodou. As opiniões apresentadas no livro, através das falas dos personagens, sobre mulheres, em especial as solteiras e mais velhas, me causaram um incômodo. Sem contar as expressões racistas utilizadas como “cara de macaco”, entre outras. Acho importante mencionar questões como essa, e é preciso sempre ressaltar que pensamentos como esse são problemáticos e ofensivos.
É isso, mesmo com esses problemas pontuais, a narrativa é incrível, bem construída e mais uma vez Agatha Christie mostra porque ela é a RAINHA DO CRIME!