Hudson 22/09/2013Focault e sua Filosofia
Não é um livro muito simples de se ler, talvez pela complexidade de informações que devem ser passadas é um livro de rigor acadêmico mas não acadêmico ao mesmo tempo, pois a sua leitura não deve ser restrita a questão acadêmica, sendo muito rico em suas referências e pesquisa também pode ser considerado como uma aula a parte de como se construir uma pesquisa para um material sério, e relevante.
A multiplicidade de pontos enfocados, mas que vão afunilando perto do final faz com que se possa ter um sentido maior ao livro, é uma leitura que recomendo que seja feita sem muita pressa para poder tirar o melhor proveito possível de todas as informações arraigadas.
A linguagem não é complexa entretanto é preciso cuidado pelo dimensionamento que ela pode atingir não se trata simplesmente de contar a história da violência nas prisões trata-se de uma busca pelo ideal filosófico do porquê de tudo.
De pontos impactantes, é destacado a própria introdução que cita a trajetória do homem que é acusado de parricídio, Robert Damiens, e também o início do capitulo sobre o panótipo em que é relatada como funciona um vilarejo na época da peste, sendo esses pontos chaves que podem levar o leitor a pensar isoladamente e conseguir um bom entendimento sobre o que livro quer passar.
Focault talvez implicitamente, revisita a noção do justo e do poder é justo punir será que a punição enseja o aprendizado ou é um meio de controle que pode subverter ajudando a criar mais controle punitivo.
Por que essas relações ocorrem dentro de instituições sociais que de certa forma muitas vezes eram tidas como o norte de uma sociedade que busca combater a desigualdade, um milhar de questões são levantadas em cada capitulo, fazendo assim de um dos livros mais interessantes e desafiadores de se ler e também prazeroso ao mesmo tempo.
Focault, é especialmente dedicado a questão jurídica, pois além disso também debate levemente a questão da verdade real jurídica embora abordando de forma rápida aqui que será mais detalhada em outra obra "A verdade e as formas jurídicas" que também tem muitos trechos do vigiar e punir.
E um livro de questões e reflexões e talvez de poucas ou nenhuma resposta, mas que vale a leitura por isso, questionar é inconformar-se é ir além.
Ao invés de repetirmos tudo, todo um sistema que muitas vezes é criado e fadado a falhar, precisamos repensar, até mesmo nos repensar e repensar aquilo que aceitamos não só pelas relações de poder, mas por sermos seres pensantes.
Esse livro é um reflexo disso de que não pensamos para construir nossas estruturas sociais e que pelas nossas noções e relações do poder do certo e do errado isso continua a se perpetuar.