Coruja 12/08/2014Dumas é um personagem que está tão ligado às minhas leituras de infância e adolescência – junto com outro francês, o Verne – que não consigo me lembrar exatamente de quando tive meu primeiro contato com D’Artagnan e companhia. Sei que li a edição integral pelos meus quatorze anos, porque foi quando ganhei uma coleção chamada “clássicos da juventude” que para além de Os Três Mosqueteiros, também tinha Vinte Anos Depois e O Visconde de Braguelone, que completam o ciclo de histórias iniciado com a chegada do gascão a Paris.
Tudo começa, como bem dito, com D’Artagnan, desejoso de se unir aos mosqueteiros do rei, chegando à capital francesa, onde em pouco menos de horas, ele conseguiu ofender não apenas um, nem dois, mas três, vejam bem, três mosqueteiros. E não simples mosqueteiros, mas os melhores que sua majestade tem a oferecer: Athos, Porthos e Aramis.
Antes, porém, que ele se veja num duelo contra um ou os três de uma vez, surge um inimigo comum que acaba por unir os adversários – e D’Artagnan termina por ser adotado sob o lema do “um por todos e todos por um”.
Juntos, os quatro formarão um heróico e galante grupo, que se envolverá numa grave intriga em torno de um certo conjunto de diamantes, que tem por objetivo desacreditar a rainha, enfraquecer o rei e fazer crescer o poder de um dos personagens mais maquiavélicos (no sentido literal do termo) e fascinantes que conheço – seja na literatura, seja na História -: o cardeal Richelieu.
Aramis, mosqueteiro, jesuíta, e manipulador extraordinário era e continua sendo meu mosqueteiro favorito da história. Como bem explicou Dumas, cada um dos quatro amigos representa uma qualidade: Athos é a nobreza; Porthos, a força; Aramis é a inteligência e D’Artagnan, coragem. Personagens cheios de astúcia tendem a me conquistar e a esperteza de Aramis, sua capacidade para a intriga ao mesmo tempo em que mantém lealdade aos amigos mosqueteiros é algo que muito me chama a atenção.
Eu passei boa parte dessa minha releitura sorrindo comigo mesma, adiantando-me na memória a certas cenas e de uma forma geral caindo de amores novamente pela trama muitas vezes rocambolesca que Dumas tece.
Não nego que ache que ele enrole um bocado – Dumas é absurdamente prolixo e seu trabalho se beneficiaria de uma boa edição à época em que foi escrito. Mas hoje, essa prolixidade ganha um gosto curioso, um tempero a mais nas intrigas que se somam página a página.
Para mim, o livro é tão apaixonante hoje quanto quando eu o li pela primeira vez, mais de dez anos atrás. Aventura, romance, amizade, bravura - Os Três Mosqueteiros tem tudo o que há de melhor num grande folhetim.
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