MARTA CARVALHO 05/06/2022
O livro datado do período romântico da literatura brasileira (1859), tende às divagações e descrições do entorno dos acontecimentos narrados, o quê, pra mim, torna a leitura um pouco arrastada, mas não menos preciosa. O livro nos brinda com uma trama de amor, ódio, incesto, obsessão, vingança, remorso... reviravoltas surpreendentes, ainda mais levando-se em consideração o período em que foi lançado (acho que a escritora inventou a ideia do plot twist na literatura ?).
A riqueza da linguagem, com suas palavras rebuscadas, são um enriquecimento do nosso vocabulário, hoje tão escasso.
A escritora, de início, se desculpa com os leitores por se achar inferior aos outros escritores por ser uma pessoa de poucos estudos e conhecimentos, mas em meu parco saber, ela não deixa a desejar a nenhum dos catedráticos da época.
Destaca-se também, o detalhamento que a autora coloca no tocante aos desmandos à escravidão, a forma como homens e mulheres foram extraídos de suas pátrias, à quem de suas vontades, afastados de seus familiares, de sua liberdade, para serem tratados como animais, sofrendo dia após dias.
Além de Úrsula, a obra seguiu com mais três obras da autora: Gupeva (conto que trás a história de um romance proibido entre um europeu e uma índia), A Escrava (destaca os desmazelos da escravidão pela visão dos próprios negros) e Contos à Beira-mar (reunião de vários poemas com temáticas diversas), esse último não foi muito de meu agrado porque não sou fã de poesia.
A obra como um todo é uma bela surpresa, fiquei ainda mais maravilhada ao saber que de nossa terra, Atenas Brasileira, berço de grandes escritores da literatura, nasceu a primeira mulher negra romancista e abolicionista. Que orgulho!