spoiler visualizarGabrielle 07/04/2016
O Ardor de ler "O Ateneu"
A história do livro é contada por Sérgio, já adulto, que relata sua difícil infância e juventude no internado Ateneu. Dirigido pelo d. Aristarco( homem ganancioso e mão fechada, ão se importa com o bem estar de todos os alunos e sim de quanto valem ), o internato é um ambiente corrupto e moralista.
Sérgio, por sua vez, é forçado - por seu pai - a entrar e morar neste lugar obscuro. Leva, então, consigo um "diário de bordo", onde escreve seus temores, decepção, disciplinas bruscas, amizades e relacionamentos - não deixando passar em branco seus dois anos no internato.
Já em férias, o protagonista contrai sarampo e dr. Aristarco e sua mulher - D. Ema - ficam incumbidos de cuidar dele. Com as visitas constantes de D. Ema, Sérgio se deixa apaixonar por ela e acaba desejando sempre encontrá-la.
Certa manhã - ainda em recesso escolar -, ouve-se gritos de alarme: o Ateneu está em chamas! Um novato, Américo, seria o autor de tal vandalismo. Deixado no internato contra sua vontade, o pai do jovem Américo faz um pedido ao diretor Aristarco: ele deseja ver seu filho disciplinado às normas rígidas, curando-lhe o mau comportamento. Com o incêndio, D. Emma desaparece misteriosamente. Junto com o Ateneu, que foi destruído pelo fogo, Sérgio encerra suas memórias sobre uma vida de aprendizagem na escola.
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É nítida a crítica quanto ao modo moralista e severo das instituições de elite do século XIX. De forma irônica, Aristarco representa bem o que um típico ditador assume em seu caráter. O enredo está repleto de metáforas e isso contribui para enfatizar o caráter hiperbólico da obra, marcada pelos exageros da língua.
O Ateneu dá ênfase aos relacionamentos. A família é a primeira instituição a contribuir para a formação do caráter. O segundo patamar são as relações interpessoais, formando amigos na escola, conhecendo outros gostos e costumes. Assim, percebemos que Raul Pompeia mescla as relações e dá um nítido vínculo aos efeitos corruptos: um internato controlado por uma figura ostensiva e luxuosa. As amizades comprovam a gama de atitudes: são jovens mais imprudentes, como Américo, ou até os mais fraternais como os amigos mais íntimos de Sérgio: Bento Alves e Egbert. Raul Pompeia também ascende outros tipos de relacionamentos: o amor precoce por D. Emma e a mais íntima amizade entre Egbert, considerada como homossexualismo.
A história em si não é demasiado cativante - o que há de tão cativante em uma vida em um internato? O que realmente chama a atenção é o desfecho da história : o incêndio. Claro que os assuntos abordados aqui e suas questões pertinentes também são de igual cativo. Afinal o que houve com D. Ema? Ela também é culpada pelo incêndio ou acabou morta dentre as chamas e fumaça? Sérgio é homossexual, bissexual ? Ou será que estes sentimentos são confusos?...
Devo dizer que a linguagem, quase poética, deixa a narrativa um pouco a desejar. Raul Pompéia, abusando de metáforas e da própria língua, carrega nos floreios da mesma, deixando a leitura massante por conta da própria narrativa, por sua vez, riquíssima em detalhes - a mim, até demais.
Somente por causa da narrativa massante, dou 3 estrelas, não fosse por ela, seriam 5 estrelas.