João Ferreira 15/08/2013Resenha: Cinquenta Tons Mais Escuros [Cinquenta Tons Mais Entediantes]O segundo volume da trilogia de E. L. James começa com Ana separada de Christian Grey, fato que me deixou extremamente preocupado! Comecei a suspeitar que o livro se arrastaria pelas páginas com Ana se lamentando por ter terminado o namoro. Imagina! Quase 500 páginas de lamentação tediosa e sem graça! Levando em consideração a personagem sonsa e a autora inexperiente, era bem possível que isso acontecesse mesmo. Ainda bem que E. L. James teve um pouco de compaixão com o leitor e não permitiu que isso acontecesse, unindo o casal, já no começo da trama.
Continuei com a leitura da saga, primeiro, por que detesto deixar séries em aberto, segundo, por que fiquei curioso em saber as revelações do passado de Grey. Por que ele não gostava de ser tocado? Por que tem todo esse desprezo consigo mesmo? Por que não acha que consegue amar? Essas e outras questões apresentadas no volume anterior acabaram por me intrigar.
Cinquenta Tons Mais Escuros aborda mais a vida do casal, pois Kate está não me lembro onde, de férias e Ana passa a praticamente morar na casa do Grey, depois da perseguição de Leila, uma ex-submissa, colocada por E. L. James como uma tentativa fracassada e infantil de vilã e que conseguiu ridicularizar ainda mais a trama. Essa mulher, com possíveis distúrbios psicológicos, consegue fugir e sumir de todos os seguranças do poderoso Grey, e o bilionário começa a vigiar até o trabalho de Ana, atitude que não resulta em nada, pois Leila consegue ficar cara a cara com ela por duas vezes.
Grey, nesse segundo livro, parece ter se metamorfoseado incrivelmente de frio e sem coração, para atencioso e amável. Ele fica mais acessível à sua amada, deixando que ela o toque e revelando uma boa parte do seu passado. Mais uma vez um fracasso de E. L. James. Quando Grey fala de seu horrível e obscuro passado, realmente impressiona e eu imaginei coisas terríveis de verdade. A mãe ser viciada e o garoto ser maltratado são situações bem ruins, mas ainda não explica o medo de ser tocado. E então, quando ele vai contar o grande segredo, que, de acordo com suas palavras, fariam Ana sair correndo pela porta de tão horroroso, eu me preparo para algo incrivelmente terrível. Ele diz ser sádico. O grande segredo é uma balela infindável. Como uma pessoa sádica tem o comportamento que Grey apresentou no livro? Ama sua família, ama Ana e é bem sucedido. Somente uma pessoa sã conseguiria ser assim. Isso me remete à expressão “Tempestade em copo d’água”.
As repetições de palavras e expressões que destaquei e me irritaram no primeiro livro, infelizmente continuaram, (será que E. L. James não lê críticas?) e já não tenho esperanças para o fim delas no terceiro. Tirando as repetições que citei na minha resenha sobre Cinquenta Tons de Cinza, separei mais outras que conseguiram ser mais irritantes que aquelas. A todo o momento antes do sexo, a expressão “envelopinho de papel laminado” aparece. Qual o problema em dizer camisinha? Ana também não pode deixar de ficar se referindo a Kate como Katherine Kavanagh? Toda vez que Kate perguntava alguma coisa, a sonsa da Ana pensava na “Inquisição Katherine Kavanagh”. Isso foi muito chato. A deusa interior, graças aos céus apareceu menos, mas continuou fazendo parte da trama. Ugh! Agora, nada vai superar a irritação que a expressão “Pare de morder o lábio” me provocou. Deve haver umas 500 repetições dessa expressão. Ninguém merece. Acho que quando E. L. James estava escrevendo a saga, ela deixou essas palavras no Ctrl+C, prontas para a todo o momento dar Ctrl+V.
De pontos positivos no livro, é possível citar as revelações do passado de Grey, as brincadeiras e provocações dele, que por vezes me divertiu, e também uma ou outra cena de sexo mais interessante, por que o restante perdeu todaB a paixão do primeiro livro. Os e-mails também foram muito divertidos. Flagrei-me sorrindo em várias conversas por e-mail dos dois.
O livro, que não teve uma história bem definida, e que gira em torno do ‘sexo baunilha’, termina com a aceitação do pedido de casamento de Grey, e com um suposto vilão surgindo, o chefe que assediou Ana na editora. Não sei o que esperar, pois tomando como exemplo Leila, os vilões criados por E. L. James não são tão ameaçadores. Começarei o terceiro e último livro já sem expectativas, pois parece que quase tudo já foi decifrado e essas revelações foram entediantes, mas nunca se sabe quando nos surpreenderemos.