Precisamos falar sobre o Kevin

Precisamos falar sobre o Kevin Lionel Shriver




Resenhas - Precisamos Falar Sobre o Kevin


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Ana 23/11/2016

Um livro assombrosamente bom
Eva é uma mulher contente com seu emprego e com seu relacionamento com Franklin, até que ela se vê diante do desejo de seu companheiro de ter um filho. Sua gravidez é complicada, e ao nascer Kevin, Eva logo percebe que ele será uma criança incomum. Ou algo pior. Um livro chocantemente realista e bom, que desconstrói algumas idéias sobre assassinos em massa. Será que um psicopata que teve uma infância materialmente feliz tem motivos aparentes para cometer crimes?
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Nine 12/07/2017minha estante
O meu sentimento com relação à Eva, vendo apenas o filme, era um. Mas, depois de ler o livro,também fiquei com essa sensação dela ser uma pessoa desprezível (em certos aspectos). Na verdade, em boa parte da história, o título deveria ser: Precisamos falar sobre OS PAIS do Kevin.




Priscila 11/06/2017

Precisamos falar sobre o Outro
Que livro! Leitura densa e prazerosa, que convoca à reflexão sobre as idealizações das relações familiares (e especialmente entre pais e filhos), e sobre a maternidade.
Impossível não perceber a analogia presente no nome da mãe de Kevin, Eva, uma referência à mulher ligada ao pecado original, a primeira mãe e portanto a primeira culpada da História. Um romance em que o leitor se vê contaminado pelos sentimentos e perspectivas dos diferentes personagens, sem jamais chegar à Verdade ou à Motivação do adolescente, uma vez que pouco o ouvimos, só temos acesso a ele pelo olhar da mãe. Ao final a única conclusão possível é que não importam os caminhos, consanguineos ou não, daquilo que nos é familiar, o Outro permanecerá sempre Outro: parcialmente acessível, parcialmente compreensível, eventualmente amado.
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Thainá - @osonharliterario 20/06/2017

Precisamos falar sobre o Kevin e também sobre a Eva
Kevin é um adolescente que está prestes a completar 16 anos, porém, três dias antes de seu aniversário ele decide matar oito colegas de classe, uma professora e um funcionário da escola. Após ser preso por esse ato, a sua mãe Eva Khatchadourian através de uma narrativa em primeira pessoa nos conta sobre a vida e convivência da sua família, desde a sua decisão em ser mãe pela primeira vez até o momento em que seu filho mais velho ficou conhecido como um sociopata.

Eva nunca quis ser mãe. Dona de uma empresa especializada em folhetos que buscavam divulgar os restaurantes e as hospedagens mais baratas ao redor do mundo, Eva era quem viajava para todos os países atrás de informações para o seu trabalho. Suas viagens pelo mundo e o marido Franklin eram o que havia de mais importante em sua vida, e só isso bastava para se sentir completa e feliz.

Porém, Franklin queria ser pai, e imaginava que com um filho em casa faria com que Eva desistisse de suas viagens e se dedicasse exclusivamente a família. Mesmo depois de muito relutar, ela acaba por concordar com a ideia de ser mãe e imagina que isso fará com que o marido não a abandone nunca, então fica grávida de seu primogênito, o complicado Kevin.

Kevin desde pequeno nunca se relacionou bem com a mãe, ao contrário de sua relação com o pai que sempre foi carinhosa e calorosa. Os dois não suportavam a presença um do outro e quase nunca conseguiam ter uma conversa onde Kevin não rebaixasse a mãe ou destorcesse suas palavras. Era como se Kevin pressentisse desde quando estava na barriga de que não era bem vindo para Eva. A relação entre mãe e filho ficava mais conturbada ao passo de que o menino ia crescendo e se tornando quase um homem.

Uma história que divide tantas opiniões sobre a mente psicótica do Kevin, que acabei me enchendo de teorias. Será mesmo que o Kevin já nasceu com uma mente sociopata ou será que a mãe dele é a principal razão para isso? Seu pensamento psicopata resultou de uma mãe fria, desatenciosa e que dizia para ele desde que estava na barriga de que ele não era bem vindo por ela?

A história é pesada, lenta e bastante descritiva. Se você já é mãe, vai sentir ainda mais o impacto das palavras de Eva, e digo isso de uma forma não tão positiva.

Resenha completa no blog Sonhando Através de Palavras

site: http://sonhandoatravesdepalavras.blogspot.com.br/2017/06/resenha-precisamos-falar-sobre-o-kevin.html
DayaSichi 22/06/2017minha estante
Esse livro é muito bom e por falar nele, até o filme é!


Thainá - @osonharliterario 24/06/2017minha estante
Sim, ambos são. Mas, o livro tem detalhes muito importantes que não exploraram no filme, trazendo até uma carta emotiva maior, na minha opinião.


Thainá - @osonharliterario 24/06/2017minha estante
Carga*




Izabela 26/07/2017

"Desde que escrevi pela última vez, andei revirando meu sótão mental a ver se encontrava minhas ressalvas originais à maternidade. Lembro-me, sim, de uma montoeira de medos, todos do tipo errado. Caso eu tivesse enumerado as desvantagens da procriação, 'filho pode acabar sendo assassino' jamais teria aparecido na lista."

A primeira edição em português desse livro saiu em 2007. Lembro-me de ter visto essa capa na biblioteca da escola, ainda no ensino fundamental. Na época, uma criança, achei-a horrivel e um tanto traumatizante. Jamais imaginaria que teria interesse em lê-lo, e menos ainda que se tornaria um dos meus livros preferidos.

Essa história ficou extremamente conhecida principalmente após o lançamento do filme, em 2012: Kevin, um menino de 16 anos, comete uma chacina no colégio, matando 11 pessoas, entre alunos e funcionários que, de acordo com ele, foram escolhidos a dedo.

O livro trata da vivência de um casal, Franklin e Eva. Ele, um americano republicano e nacionalista, queria ter um filho. Ela, uma democrata que adorava viajar pelo mundo, o amava e queria fazer suas vontades, e tenta engravidar; no entanto, não queria um filho, e trata a gravidez, o parto e o relacionamento com o filho, Kevin, com repulsa.

"Desculpa, mas não fui eu que inventei esses filmes, e qualquer mulher cujos dentes tenham apodrecido, cujos ossos tenham perdido massa, cuja pele tenha ficado marcada sabe o alto preço que tem de pagar por levar um sanguessuga durante nove meses dentro da barriga."

Essa repulsa era recíproca. Kevin era frio, e sempre conseguia provocá-la, deixando-a com raiva ou medo. Ou as duas coisas.
São diversos os relatos de atitudes maldosas de Kevin com vizinhos e colegas de sala, como um em que Kevin remove uma peça da bicicleta do filho de um vizinho e o menino quase tem um acidente.

Uma das cenas que mais me chocou foi a de uma briga entre Kevin e a mãe, em que ela perde o controle e atira-o longe, e ele quebra o braço. Não é só a cena em si que é assustadora, por exprimir o ódio que Eva tem pelo filho, mas também a conversa entre eles sobre esse fato quando Kevin já estava preso, anos depois. "Tive orgulho de você. (...) Foi a coisa mais honesta que você já fez." A relação entre eles é curiosa, complicada e, acima de tudo, pesada.

A metáfora dessa tragédia escolar (a autora, inclusive, baseou-se em fatos verídicos) é a metáfora de uma relação familiar problemática. Afinal, Kevin já nasceu um psicopata ou seus atos foram fruto dessa relação? O livro é perturbador em muitos aspectos, por abrir a porta de duas questões muito complicadas: a primeira é a da possibilidade de um pai odiar um filho; a segunda, é a do que alguns pais possivelmente se perguntam diante de certas atitudes dos filhos: "onde foi que eu errei?"

site: https://nostalgialivresca.wordpress.com/2017/07/19/vamos-falar-sobre-o-kevin/
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Flávia Carvalho 27/07/2017

Posso respirar agora?
Um livro de tirar completamente o fôlego!

Intenso, cheio de sentimentos e emoções para compartilhar junto com a personagem.
Não tem como não se comover com toda situação vivida.
Um misto de sentimentos no decorrer de cada página.

Com meu lado mãe, pude comover, intrigar e me abalar profundamente. Um misto de raiva com compreensão.
Saber que todo mundo está vulnerável a esta situação nos mostra o quanto somos incapazes de controlar determinadas situações.

Achei até mesmo que a confusão mental e linguagem muitas vezes complicada (que alguns leitores questionaram) fazem completo sentido neste livro.
Pensando pelo drama vivido, qualquer pessoa que passasse pela mesma situação não falaria de forma compreensível e transparente.
O contrário sim, seria de se estranhar se houvesse uma personagem escrevesse de forma clara e sensata narrando uma situação dramática, sofrível e cruel.

Um livro que serve como objeto de profundos estudos da mente humana.

Para quem gosta de entrar e fazer parte de um livro, aí está um que recomendo.
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Fernando Lafaiete 18/11/2017

Precisamos falar sobre o Kevin: O que falar deste livro?

Precisamos falar sobre o Kevin é uma história perturbadoramente interessante e inteligente. É uma leitura lenta, porém, profundamente bem escrita que apresenta de maneira palpável uma narrativa emocional e pesada em um nível digerível e reflexivo.

Eva Katchadourian é a mãe, a vítima e a narradora. Ela vai apresentando aos poucos através de trechos de diário os relatos de sua vida em família antes mesmo de decidir ter um filho. A primeira coisa que devo salientar é que todo o livro é narrado exclusivamente por ela e portanto, nos deparamos com a famosa narradora não confiável. O que ou quem garante que o que ela está contando de fato aconteceu e se aconteceu, aconteceu como ela realmente está expondo a nós leitores? Estamos diante da verdade ou estamos sendo manipulados pela narradora? - Se levarmos em consideração que tudo não passa de manipulação, a pergunta que surge é: Qual o sentido de denegrir a imagem do próprio filho? Seria uma tentativa de justificar "a falta" de amor que ela sentia pelo mesmo? Ela de fato não amava o próprio filho e por isso deve ser culpada pelo que veio a acontecer? A ausência do amor deve ser usada como base para justificar as atitudes do personagem que dá nome ao livro?

São tantas questões que devem/podem ser levantadas. O fato é que eu preferi acreditar na protagonista para facilitar assim a minha leitura. E devo dizer que logo no início, a falta do verdadeiro desejo de ser mãe por parte de Eva, completada pela visão de que a gravidez era unicamente uma novidade que traria uma renovação para o casamento, me fez pensar o seguinte: Um processo de gestação "indesejável" pode causar algum impacto emocional na criança ao ponto de criar algum tipo de trantorno psicológico? - Segundo alguns especialistas, o processo de gestação negativo + o ambiente em que a criança vive pode causar o transtorno dissocial mais voltado para a sociopatia e não para a psicopatia. A sociopatia pode ser desenvolvida, diferente da psicopatia que nasce com o indivíduo e nada tem a ver com traumas ou com o ambiente que a pessoa vive. Psicopatas são manipuladores e dificilmente são identificáveis. Já os sociopatas são mais visíveis, agem mais por impulso e podem vir a sentir remorso pelas suas atitudes. Estes aspectos são bastante discutíveis dentro da psicologia... Mas muitos psicólogos consagrados defendem fortemente estas diferenças entre estes dois transtornos psicológicos. O que nos leva a grande questão: O Kevin é sociopata ou psicopata?

Confesso que ao iniciar a leitura fiquei muito desconfortável com a maneira negativa com que o Kevin foi apresentado logo ao nascer. Diferente da maioria das pessoas que leram este livro, eu não criei nenhum tipo de simpatia pelo personagem em questão. O considerei uma pessoa intragável desde o início. A repulsa entre mãe e filho é bem complicada de assimilar e de entender. O relacionamento familiar é desfigurado e a família apresentada pela autora é totalmente disfuncional. A mãe possui sentimentos quase nulos de afeição pelo próprio filho. O filho é agressivo e sente a necessidade constante de mostrar o ódio que sente pelo mundo. E o pai é um idiota complacente que prefere se fazer de cego com a única intenção falha de sustentar a visão da família perfeita.

O engraçado é que mesmo sabendo (graças a sinopse) que o Kevin acaba sendo o autor de uma chacina na escola e por isso está preso, acredito que mesmo sendo um sociopata (não consigo vê-lo como um psicopata), mesmo que ele não tivesse cometido nenhum tipo de homicídio, ele provavelmente teria se tornado ainda assim uma pessoa bastante negativa. A Eva é repleta de pensamentos negativos sobre tudo. Ela solta frases preconceituosas e crueis acerca do país em que vive e das pessoas que a cerca. E o pai não contribue em nada de maneira positiva na educação do próprio filho. Como criar um cidadão de bem em um ambiente tão nebuloso?

Entretanto, não acredito que ela não amava o filho. Não entrarei em detalhes para não dar spoilers, mas na minha humilde opinião, somente o amor verdadeiro seria capaz de justificar os atos da personagem principal. Acredito que no lugar dela eu não teria agido da mesma maneira. Não teria tido paciência e nem sangue frio pra tanto. Eu teria optado pelo distanciamento total. Como não tenho filhos, não posso dar certeza sobre este meu possível comportamento, mas me conhecendo como me conheço, acredito que agir como ela não seria uma opção.

O livro é excelente e a escrita da Lionel Shriver é espetacular... De alto nível! Os diálogos tem peso narrativo e a narrativa apesar de lenta, é bem envolvente. O livro pode ser bem pesado para alguns dependendo do tipo de leitor que você for. O desfecho é bem bonito e mostra a força do amor materno mesmo diante das adversidades.

O filme também é genial. As atuações e a direção são impecáveis. E escolha de cores para diferenciar as linhas temporais me deixaram muito surpreso. O nível da adaptação é nível Oscar. Ela peca um pouco em transpor do livro pro filme as camadas psicológicas dos personagens. Se apegar ao Kevin do filme foi bem mais fácil do que se apegar ao do livro. Ainda assim, indico demais e assim como o livro, o filme também me marcou de maneira bem positiva.

Como eu não esperava uma narrativa tão lenta assim e nem estava preparado para tal, em alguns momentos este aspecto me incomdou e por isso não darei 5 estrelas. Mas repito: O livro é excelente!!

Nascemos o que somos ou somos o que acreditamos ser? Sociopatia ou psicopatia? Como descrever o conturbado personagem Kevin? Termino a leitura com milhares de questões... Mas muito feliz por ter lido este livro.

No final das contas, percebi que o grande objetivo de Kevin era destruir emocionalmente e mentalmente a própria mãe devido a falta de um amor mais visceral.

As camadas da mente humana são tão complexas. Livros como esse servem para vermos que o ser humano é o animal mais complexo que existe!
Esdras 18/11/2017minha estante
Excelente resenha, como sempre!
Esse livro é maravilhoso. Tornei-me fã da Lionel através dele.


Fernando Lafaiete 18/11/2017minha estante
Valeu Esdras... Eu gostei bastante e pretendo ler outras coisas da autora. Estou curioso para saber de você. O que você acha do Kevin? Você o considera pscopata?


Fernando Lafaiete 18/11/2017minha estante
Valeu Esdras... Eu gostei bastante e pretendo ler outras coisas da autora. Estou curioso para saber de você. O que você acha do Kevin? Você o considera psicopata?


Beatriz.Andrade 18/11/2017minha estante
ótima resenha


Fernando Lafaiete 18/11/2017minha estante
Obrigado Beatriz!! :)


Esdras 19/11/2017minha estante
Não o considero psicopata não. Limitei toda a sua "artimanha" a um ódio particular pela mãe. Haha. Até mesmo as coisas 'alem do lar' eram com o propósito de atingi-la.


Fernando Lafaiete 19/11/2017minha estante
Penso o mesmo que você. Vejo muita gente afirmando que este livro é sobre um psicopata juvenil. Me surpreendi ao perceber que na verdade ele retrata sobre a sociopatia. Por isso fiquei curioso pra saber se você faz parte do grupo de pessoas que pensam da maneira que citei anteriormente. Enfim... Livro realmente excelente!




Aninha 02/03/2018

Precisamos falar sobre o Kevin
Meu Deus que final marcante, chorei demais nas últimas páginas, destruiu meu coração e me fez querer pegar a mãe do Kevin e abraçá-la eternamente!
Super indico, livro pesado, com temas fortes e bem reflexivo!
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Paula.Martuchelli 05/04/2018

Um soco na boca do estômago!
Definitivamente, este livro me deixou desnorteada. Ainda no comecinho, estava meio descrente, achando que era só mais um daqueles sucessos de crítica que na realidade são bem fraquinhos, mas estava redondamente enganada.
Logo, não se deixem enganar: o comecinho vagaroso, que narra o relacionamento do casal, a vida á dois, até o momento em que decidem ter um filho, é só um preâmbulo para aquilo que está por vir e que será narrado magistralmente pela autora :o nascimento e desenvolvimento de Kevin e sua relação com a mãe.
É magnífica a forma como a autora descreve as sensações (ou ausência delas) que a mãe vivencia com Kevin, desde o momento do seu nascimento. Somos levados a refletir, a todo momento, em que medida as atitudes da mãe influenciavam as atitudes do filho e vice-versa.
Há momentos pesados, e neles, somos levados a ler e reler o mesmo trecho diversas vezes, tentando absorver todo o impacto do acontecimento.
Há também uma forte crítica à sociedade contemporânea e um final que posso dizer ter sido, na ausência de expressão melhor, o "golpe final" e me deixou vários dias refletindo.
Porém, já alerto, não leia esse livro com pressa. Ele merece ser lido com calma, em momentos em que você pode se concentrar o suficiente para reler as mesmas partes diversas vezes, bolando múltiplas interpretações e teorias. Me demorei bastante nele e posso dizer que foi uma leitura que vai me marcar para a vida toda..
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Alana N. 12/05/2018

Precisamos falar sobre o Kevin
Esta foi uma leitura incrível, mesmo que bem lenta. E não lenta no sentido de se arrastar e ser ruim, mas sim no sentido de que este é um livro pintado a pequenas pinceladas, onde os fatos possuem, naturalmente, bastante peso.
Uma pessoa pode nascer ruim? Ela se torna ruim por causa de seu meio? Até que ponto a mídia pode levar as pessoas a cometerem atrocidades?
Essas questões são bastante levantadas nesse livro, onde Eva, mãe de Kevin, começa a reviver todos os fatos, desde o nascimento do garoto até o momento em que ele chacina dez pessoas no colégio, para tentar entender não apenas a mente de Kevin, como seus motivos.
Um conselho muito bom para quem pretende ler esse livro é: Não assista ao filme antes. Eu fui uma das pessoas que acabaram conhecendo o livro graças ao filme e senti que parte da experiencia de leitura foi perdida por já saber o “grosso” da trama. Mas se você já assistiu ao filme e quer ler, aconselho que leia mesmo. O filme é apenas uma pequena pontinha do Iceberg que é essa história.
Sem falar que até mesmo o modo narrativo é diferente entre os dois meios. No livro a imersão é muito maior e o clímax, para aqueles que não receberam nenhum tipo de spoiler, pode vir a ser muito mais surpreendente, porque por mais que os atores do filme sejam excelentes, para mim não passaram a profundidade e complexidade desses personagens.
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Aline Teodosio @leituras.da.aline 02/09/2018

Angústia, drama e dor no coração
Há muito uma história não mexe tanto comigo. O livro é narrado em forma de cartas por Eva Khatchadourian, mãe do garoto de 15 anos que cometerá uma grande chacina na escola em que estudava.

Mas o livro não se trata apenas de um relato sobre a tragédia acometida por um psicopata frio. O início do livro é dedicado à Eva, uma mulher forte e independente, bem sucedida profissionalmente, que não vê atrativos na maternidade. Entretanto, cedendo às pressões do marido, ela se aventura nesta que seria o maior desafio da sua vida: ser mãe.

O livro é denso e mergulha no psicológico dos personagens com tamanha profundidade, que é impossível não se sentir abalada com o caos que se tornou a vida dessa família após o nascimento de Kevin Khatchadourian. Desconstruindo a visão romanceada da maternidade, Eva, que sofreu de depressão pós-parto, mostra de forma fria a rejeição involuntária pelo filho. Este, como que em resposta, desde o momento em que veio ao mundo, mostra-se um garoto distante, aborrecido e entediado.

É angustiante ver um menino tentando o tempo todo se manter frio e apático frente à falta do amor da mãe. Bem como é angustiante ver a agonia da mãe esforçando-se para gerar um amor onde só existe o vazio, sentindo-se culpada, tentando a todo custo agradar e se aproximar de alguém que, aparentemente, não permite o mínimo de abertura emocional. Por mais que ela se esforce (e ela realmente se esforça), Eva não consegue derrubar a barreira invisível que foi criada entre ela e o filho. O pai, todavia, não consegue enxergar os desvios de personalidade do filho e tenta, em vão, ressarcir exageradamente o amor que ao garoto é negado.

Não foi fácil se pôr no lugar de Kevin, tampouco foi fácil se pôr no lugar de Eva. Acho complicado atribuir culpas a esses tipos de tragédias, consigo entender tanto a mãe quanto o filho, não sem me sentir completamente arrasada. O drama familiar é forte, é pesado e culmina com um final que foi como uma flechada no coração do leitor. Não consegui conter as lágrimas.
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Jhon 18/10/2018

Brutal e perturbador
Aos 15 anos, Kevin faz uma chacina em sua escola e é preso pelos assassinatos cometidos, e agora Eva – sua mãe – tem que viver sob um espectro constante de culpa ao mesmo tempo em que tenta entender o porquê de seu filho ter se tornado um assassino.

Só por essa premissa as minhas expectativas já eram altas, mas preciso confessar que o livro superou todas elas. Tenho que destacar logo de cara a escolha que a Lionel fez de uma narrativa mais lenta e descritiva. E por mais que muita gente tenha achado maçante e chato, principalmente o começo, acho que essa lentidão beneficiou bastante a história e a construção das personagens, pois essas descrições, que vão desde antes mesmo de o Kevin nascer, faz com que a gente conheça todo o contexto por trás da vida dessas pessoas, sobretudo da Eva, e até o final do livro, conhecemos tantos detalhes e pormenores que acabamos nos relacionando com a história com uma intensidade e tridimensionalidade tão grandes que faz com a narração se torne assustadoramente real.

Além disso tenho que parabenizar a autora pela escrita maravilhosa e especial. Embora algumas orações muito longas tenham me incomodado um pouco, não tenho como negar que a maneira como ela descreve os pensamentos da Eva, e principalmente algumas cenas envolvendo a relação dela com o Kevin, é simplesmente arrebatadora. Apesar de já ter passado um tempo desde que terminei essa leitura, algumas das cenas estão bastante vivas em minha mente e pela minha experiência como leitor sei que elas não vão sair da minha cabeça tão cedo.

Sem contar da provocante reflexão que a autora evoca sobre a maternidade e de todos os estereótipos que a envolvem, fazendo a gente questionar alguns (pré)conceitos que já estão enraizados; nos convidando a pensar sobre alguns tabus que permeiam essa questão, como por exemplo o amor incondicional e eterno que uma mãe necessariamente precisa ter por um bebê que ainda nem nasceu e que ela nem conhece; ou até os próprios motivos que fazem com que uma mulher tenha um filho, mesmo quando ela não quer. A autora realmente toca na ferida e tira a gente dessa zona de conforto na qual costumamos enxergar a maternidade unidimensionalmente, naturalizando certos aspectos que não necessariamente sempre ocorrem.

E claro, preciso enaltecer a relação entre a Eva e o Kevin, que é uma das mais bem construídas que já li na minha vida e para mim esse é o ponto alto desse livro, porque ao invés de focar na questão da chacina e dos assassinatos – como eu achei que seria – a autora conduz a história de modo a fazer a gente compreender como é que se deu a interação entre esse sociopata assassino e sua mãe, para que então possamos chegar à ocorrência do massacre. E esse convívio é tão desconfortável e perturbador que a leitura acaba se tornando difícil em alguns momentos; é realmente assustadora a forma a Lionel nos põe em contextos grotescos e medonhos ao longo do livro e simplesmente não nos tira de lá, deixando a gente com um sentimento desagradável e angustiante.

E apesar de termos acesso apenas a um ponto de vista, nesse caso da Eva, essa narração está longe de ser unilateral; muito pelo contrário. A Eva é uma personagem muito densa e complexa, e mesmo que não seja uma narradora completamente confiável, a tridimensionalidade que essa protagonista trás para história é tanta que a torna tão verossímil e crível que chegou a me assustar diversas vezes. Sei que é uma obra ficcional, mas ao longo da leitura eu me esquecia disso; parecia realmente se tratar de fatos reais e acho que grande parte dessa verossimilhança vem não só da escrita descritiva da autora, mas também do foco que ela resolveu dá à relação comportamental e psicológica entre as personagens, sobretudo entre a Eva e seu filho.

Enfim, apesar de ter sido uma experiência de leitura perturbadora (o que não é algo necessariamente ruim), sem dúvidas “Precisamos falar sobre o Kevin” é um dos melhores livros que já li. Lionel Shriver, meu amor, tu tá .de parabéns.
LLana396 19/10/2018minha estante
Bela resenha, parabéns!!


Jhon 19/10/2018minha estante
Ah Lana, obrigado ?


Jhon 19/10/2018minha estante
Ah Lana, obrigado!!


Christiane.AgrAcola 16/11/2018minha estante
Acabei de ler o livro e estou sentindo exatamente o que vc disse na resenha. Muito bem escrito!




GabrielNicolau 06/11/2018

Podemos odiar os nossos próprios filhos?
Em um primeiro momento, vi que muitos afirmavam que o começo deste livro era difícil e bastante lento. Eu não achei isso.
O desabafo de Eva, e o retrocesso aos primórdios de Kevin, é todo relatado com dor e angústia. Relembrar o momento que desencadearam sua vida ser como é atualmente. É doloroso, até para nós, leitores, após terminamos, ver o que ela tinha e como era, e comprar com o seu "hoje".
Eu achei o Kevin um personagem tão bem construído e promissor, é instigante ver como esse menino é e qual o seu propósito ? que no decorrer do livro, virá a ser tópico de debate.
E o final? Te desestabiliza. É chocante e... e... Ah, Deus! É um misto de sensações que é complicado descrever.
Lionel Schriver nos proporciona um romance realmente primoroso.
Shirley Cabral 07/11/2018minha estante
Até hoje fico pensando em como seria um segundo livro no ponto de vista do Kevin aaaaaa


GabrielNicolau 07/11/2018minha estante
Eu achei que pontos de vista alterados nesse livro seria interessante; imagina o do Franklin. Provavelmente, nós leitores, também achariamos que o Kevin é um pobre inocente... até chegar no final, é claro.
No ponto de vista do Kevin, seria tudo pior. Imagina a relação dele com a Celia... Seria tudo esclarecido. E pior. Mas talvez fosse tudo muito romanciado, como dizem que é Lolita.




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